RECORDAÇÕES - PARTE III
Desço até ao arquivo central, revejo os processos e ao fim de uma hora, concluo que tenho mais perguntas do que respostas.
O que me está a preocupar é o facto do Inspector Leandro ter abandonado a posição inicial e ter sido nesse intervalo para se instalar noutro local que foi baleado.
O que é que ele viu? murmuro enquanto subo as escadas.
O Meireles está à minha espera, suspira de alívio quando me vê, onde estava? Não tinha o telemóvel consigo? pergunta.
Não deve haver rede lá em baixo no arquivo central, respondo, o que é que se passa? Algum problema grave?
Telefonaram de casa, a Clarinha fugiu da escola, não sabem onde está, explica o Meireles, já avisei os colegas da zona para irem até à escola, iniciarem as buscas por lá. A esposa espera um telefonema seu.
Ok, obrigada, digo, esqueço de imediato o que planeava fazer, o que é que a marota fez desta vez? A Madalena deve estar louca de preocupação! Pensei que as consultas com a psicóloga estavam a resultar, que ela estava mais calma!
A Madalena atende ao primeiro toque, está tão nervosa que nem percebo o que diz, acalma-te, peço, como é que ela estava quando a viste esta manhã?
Estava aborrecida, não se queria vestir, não quis tomar o pequeno almoço, explica a minha ex-mulher, mas a Matilde lá a convenceu e ela foi para a escola com o André, o filho do nosso vizinho, sabes quem é? e entrou na sala.
A Madalena suspira, a Matilde aproveita para pôr o telemóvel em voz alta, pediu para ir à casa de banho, Pai, continua, e demorou tanto tempo que a professora pediu a uma auxiliar para ir até lá.
Não estava, concluo e a Matilde confirma, procuraram nas outras salas, na cafetaria, no jardim e nada!
Mas não há um segurança? insisto, mas a Madalena esclarece que está na porta principal, que o portão do jardim está geralmente fechado, só o jardineiro é que tem a chave e a chave estava no sítio!
Se calhar, a Clarinha viu onde é que ele guardava a chave, observo, foi lá buscar, abriu o portão e voltou a colocar a chave no sítio!
Oh, Bernardes, interrompe a Madalena, ela só tem sete anos! Achas que ela tem discernimento para isso?
Ou pediu a um colega para guardar a chave! sugiro e a Matilde atalha, ou pode ter simplesmente saltado o muro!
Mordo o lábio, estou a imaginar um cenário sofisticado demais para uma catraia de sete anos, pode ter acontecido como a Matilde descreveu.
Vou até à escola, quero ver o jardim, anuncio, Matilde, dá uma volta pelo bairro, pode ser que alguém a tenha visto.
CONTINUA
Comentários
Abraço e saúde
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Um brinde que já foi meu ...
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Um excelente dia- Beijos