FRANCISCO - FIM

 

Estás bêbedo ou quê? o Francisco está zangado, está cansado, não precisa de ouvir este tipo de comentários do irmão.

Não, só estou a dar uma opinião, diz o Frederico, se não gostas de ouvir as verdades...

Mas qual verdade??? Não vives aqui, não sabes o que se passa verdadeiramente, protesta o Francisco, ok, a Maria tem os seus defeitos, mas tu também e devem ser grandes para a Catarina, que tem cabeça, tronco e membros, te deixar.

O Frederico abre a boca de espanto, nunca o irmão lhe falou assim, foram sempre grandes companheiros.

Vou-me embora, tu não estás bem, anuncia, amanhã vais ver que tenho razão e saí, convencido que é dono da verdade.

O Francisco suspira, tem tido tempo para pensar e realmente, tomou decisões muito erradas, principalmente no que diz respeito à Maria, como é que lhe escapou o facto dela ser tão superficial?

Como é que não percebeu que ela teve o David, apenas porque ele insistiu nisso?

Estou perdido, confessa, apaga as luzes, vai ver o filho que dorme e acaba por se deitar no sofá do quarto.

Não quer ir para o quarto que partilhou com a Maria, está vazio demais.

Na noite seguinte, o Leonardo aparece lá em casa, tem notícias surpreendentes, mas ao mesmo tempo alarmantes.

Pelos vistos, a empresa foi comprada por uma multinacional e negociaram a saída de alguns funcionários, explica o irmão da Maria, dizem que ela não estava na lista, mas contactou a Administração, mostrou-se interessada em sair e aceitou a proposta feita, Não trabalha lá há dois meses!

O quê? repete o Francisco, mas para onde é que ia todos os dias? Onde está o dinheiro da indemnização?

Não sei, continua o Leonardo, a Mara esteve no bar, que a Maria é uma cliente frequente e conversa muito com um tal Ricardo Paixão. A opinião que têm desse Ricardo não é muito boa e não, não o viram naquela noite. A Maria esteve sempre com os amigos e saiu com eles. 

Pode ter saído com eles, mas ter-se encontrado com esse Ricardo em qualquer sítio, concluí o Francisco, oh, pá, não sei o que fazer!

O Leonardo também não sabe, o Major sugere que falem com a Polícia, mas tudo leva a crer que a Maria saiu de casa de livre vontade.

Não é fácil retomar a rotina, a Mãe da Maria continua a culpar-se de tudo e os outros filhos não sabem como a consolar.

Uns meses mais tarde, o Francisco recebe uma carta registada de um advogado.

A Maria envia-lhe os papeis de divórcio e o advogado insiste que lhe sejam devolvidos o mais rápido possível, a pedido da cliente.

Sobre o filho, nada diz e por isso, o Francisco pede custódia total.

FIM

Comentários

Elvira Carvalho disse…
Bom, livrou-se de bom. Oxalá lhe tenha servido de lição. Vamos ver lá mais para a frente se a Marta continuar a deliciar-nos com estas histórias.
Sabe que me faz confusão que quase não tenha comentários nestas histórias?
É que elas são mesmo muito interessantes e bem escritas.
Abraço e saúde.
Emília Pinto disse…
Pois é Elvira, eu sempre fui seguidora da Marta, mas do outro blog; só há pouco comecei a seguir este e estou a gostar muito; tive que ler este conto desde o principio, pois há dias que não venho cá. Marta, acho que a Elvira tem razão, mas, como as duas devem ter percebido, eu ando bastante ausente dos blogs, porque esta pandemia tira-nos um pouco o ânimo, além disso, tenho um grande Amigo de infância e irmão da minha cunhada a lutar pela vida; há quase um ano que não o visitamos por causa da pandemia e, se ele voltar do hospital também não poderemos vê-lo pelo risco de contágio. Tudo isto tem- me deixado triste, ainda mais por saber que a minha cunhada ( vive no Brasil) não pode estar junto do irmão como gostaria. Continuarei a vir cá, Marta! Deixo-te um abraço e votos de SAÚDE para todos. Hoje a minha mami faria 91 anos; deixou-nos há um ano e a saudade é enorme
Emilia
Ora muito bem. Gostei do conto. Seguimos em frente!
*
Vaguear de espírito livre, e sozinho
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Beijo, e um excelente dia :)

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