MATILDE - PARTE IV
Tenho que admitir, confessa o Gonçalo à Rita nessa noite, a tua sobrinha agiu calmamente, sem medos. Contudo, não sei se será melhor alguém falar com aquele rapaz. Não gostei nada da atitude dele!
Embora o Bernardes evitasse falar nos casos em que estava a trabalhar, havia um diálogo aberto sobre esse tipo de assuntos, violência doméstica, raptos, etc, responde a Rita, não me admira que a Matilde estivesse calma e soubesse como agir. Se ainda não pediu ajuda, é porque acha que consegue resolver o assunto sozinha.
Mas o Gonçalo não está convencido, vai pedir ao segurança da portaria do escritório para o avisar se o Filipe aparecer nas redondezas.
O Gustavo liga-me, desculpa, não te pude ligar mais cedo, tive uma série de reuniões, explica, o que se passa?
Conto-lhe resumidamente o que se passou naquela tarde, o meu irmão fica pensativo durante uns minutos.
Tomaste a atitude correcta, espero que ele perceba a mensagem, observa, mas de qualquer forma, eu gostava de falar com ele.
Achas que deves? O Filipe não entenderá isso como uma afronta e não tentará humilhar-me? questiono, o comportamento dele é um pouco imprevisível, parece que todos lhe devem obediência e é isso que me cansa. Não há equilíbrio, percebes?
Sim, compreendo, têm que encontrar uma maneira de gerir a vida, os interesses de cada um, concorda o Gustavo, eu vou passar aí o fim de semana, combinamos um encontro com ele.
Ok, não quero que o Pai ou o Gonçalo, que assistiu à cena, falem com ele! Teríamos um problema muito grave! comento.
No dia seguinte, o Filipe evita-me, mas eu tenho quase a certeza de que está a estudar uma maneira de me abordar.
Estou a sair da biblioteca quando alguém me agarra o braço e me obriga a segui-lo.
É o Filipe e está furioso.
Nem uma palavra! exige, tu não voltas a fazer o que fizeste ontem? Estamos entendidos? Tu obedeces-me!
Tu não me mandas calar! interrompo, depois, não tenho que entender nada, porque não sou tua namorada, não sou tua amiga, não te sou nada!
O Filipe volta a erguer a mão, mas eu prendo-a na minha.
Não te atrevas! digo calmamente, vou-me embora e tu não me vais seguir.
Porquê? troça o Filipe, vais fazer queixa ao Pai Inspector?
Só se for mesmo necessário e tenho a certeza absoluta de que não vais gostar nada de passar uma noite na prisão! e afasto-me, sem olhar para trás.
Estou nervosa, sinto as pernas a tremer, mas o Filipe não me segue.
CONTINUA
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