RECORDAÇÕES - PARTE II
No dia seguinte, deixo a Madalena em casa e sigo para a Judiciária. Há reunião de Departamento, uma grande seca, confesso.
Já passa do meio dia quando entro na sala da Brigada e o Meireles tem novidades.
Oh, chefe, lembra-se do gangue do Morto? E do Zé do Laço? pergunta.
Claro que sim, às vezes, dava-nos informações e passava a noite nas celas lá bem baixo para "eles não saberem que fui eu quem deu a dica", explico, o Zé do Laço morreu pouco tempo antes do Inspector Leandro, porque é que estás a falar dele agora?
Pode ter morrido, diz o Meireles, mas alguém está a usar o nome dele e inspira um certo receio na noite.
Tens a certeza? O Zé do Laço era inofensivo, às vezes, estava no local errado com as pessoas erradas, observo, o que é que se passa? O que é que soubeste?
Esta pessoa auto-intitula-se Zé "The Big" Laço e comanda as operações a partir da Travessa do Laço, esclarece o meu sargento.
Pensei que a Travessa do Laço fosse agora um sítio elegante, escolhido pela elite para desfrutar os prazeres da noite, ironizo e o Meireles ri-se.
E é, confirma, mas pode ser uma operação de lavagem de dinheiro.
Ok, mas isso não é a nossa área de intervenção, digo, há uma série de relatórios a concluir, o Departamento está a dar-me cabo da cabeça por causa disso, estamos atrasados.
O Meireles apressa-se a sair do meu gabinete, vejo-o a falar com os outros membros da brigada e suspiro.
Estou novamente a pensar no Inspector Leandro e no pobre do Zé do Laço.
Suspeitamos sempre que o mataram como um aviso para o Inspector, estava a aproximar-se demais da Chefia do gangue, mas com a morte dele, quem ficou com o caso achou melhor encerrá-lo.
Achei a decisão precipitada na altura, mas era apenas um sargento, acabei por ser transferido para outra brigada, outro inspector.
Mas posso voltar a consultar o caso, penso, ninguém me impede e lembro-me que a irmã do Inspector Leandro me entregou o diário dele.
CONTINUA
Comentários
Abraço e saúde
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Algures duma janela tão distante...
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Um excelente dia - Beijos :)