O REGRESSO - PARTE IV
Claro que sim, Natália, não vai ficar a vida toda a chorar por ele, exclama o Nicolau, sei que nada será igual, mas vai ter que vencer o medo. Há coisas boas, aproveite-as.
A Natália olha-o desconfiada, será que não percebe como está a sofrer?
O Nicolau compreende, sorri, não vamos falar mais nisto, a Natália vai compreender o que quero dizer quando estiver mais calma, diz, terminei o primeiro rascunho do meu novo livro, quero discutir alguns pormenores consigo.
Passam uma tarde calma, a Natália dá-lhe boas dicas, há um livro na biblioteca de um Mosteiro que lhe deve interessar, se quiser, pode contactá-los e se estiver disposto a ir até lá, sugere, aproveita, visita a vila e o Mosteiro.
E a Natália vai comigo, afirma o Nicolau, também precisa de ver coisas bonitas.
Quando saí por volta das sete da tarde, a Natália está mais calma, mais sorridente e o Nicolau suspira, aliviado.
Quem fica aborrecido é o Major, o Nicolau não lhe conta os pormenores da conversa que teve com a Natália.
Não, meu amigo, a Natália contará a história quando se sentir preparada, diz o professor, o segredo não é meu, não ia cometer uma inconfidência.
O Nicolau não abriu a boca, desabafa o Amadeu à noite, disse apenas que estiveram a confirmar detalhes do novo livro, que vão visitar um Mosteiro não sei onde.
Claro que não ia contar nada, a Natália confiou nele e ainda bem que o fez! responde a Glória, parece mais animada e também falou nessa visita ao Mosteiro.
Só não percebo porque é que não falou contigo ou com outra pessoa, insiste o Major, e escolheu o Nicolau.
Talvez porque sabia que o Nicolau não ia julgar, observa a Glória, talvez o que lhe acontece tenha sido grave, a tenha magoado profundamente e o Nicolau é uma pessoa sensata, muito terra a terra. Não sei, Amadeu!
Não voltam a falar da Natália; esta está realmente mais animada, já conversa mais com as colegas, mas evita dar muitos detalhes sobre a vida na América.
Continua a ser um assunto tabu.
CONTINUA
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Abraço e saúde