O MARIDO
Ter cinco filhos nunca fez parte dos meus planos.
Tanto eu como a Carolina temos irmãos, tivemos uma infância feliz e ter só um filho nunca foi considerado.
A verdadeira surpresa foi o Matias ter nascido quase onze anos após a Filipa e o Edgar quinze meses mais tarde.
Aprendemos a gerir o caos, apelamos ao bom senso dos mais velhos para tomarem conta dos irmãos e a vida entrou numa rotina normal.
Não estávamos preparados para a nova gravidez da Carolina dezoito anos depois da Filipa e fomos gozados carinhosamente pela família e pelos amigos mais próximos.
Afinal, não perderam o jeito, ou apanham-se sozinhos e cá está o resultado, foram alguns dos comentários bem humorados.
Porque aconteceu durante um dos raros fins de semana em que eu e a Carolina estivemos verdadeiramente sozinhos na casa da praia, sem obrigações e sem filhos.
Quando descobriu, a Carolina ficou um pouco alarmada, lá vamos nós voltar aos biberões e às noites mal dormidas, diz, e qual será a reacção dos miúdos?
A Filipa e o Miguel são adultos e para o Matias e o Edgar, vai ser um companheiro de brincadeiras, respondo.
Mas como é que nos vamos organizar? insiste a Carolina e eu dou-lhe um beijo na ponta do nariz.
Como sempre o fizemos, com calma, já não somos novatos no assunto, repito e a minha mulher parece ficar mais calma.
Dizemos aos miúdos ao jantar, tenho que parar de lhes chamar miúdos, tomo nota mentalmente e todos ficam calados.
Ok, mais um miúdo para eu pôr na linha, comenta o Miguel.
Tem que ser um rapaz, não temos tempo para ensinar uma rapariga, avisam os irmãos mais novos.
Só a Filipa está calada e a Mãe olha-a preocupada, então, filha, não dizes nada?
A Filipa parece despertar de um sonho e suspira, francamente, Mãe, já pensaste que terei trinta e seis anos quando ela fizer dezoito? exclama.
CONTINUA
Comentários
Abraço e saúde
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Mar...Alimento ilusório...
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Beijo, e uma excelente noite...