RITA E CLARINHA
E agora, o que é que eu faço? pergunta a Rita à irmã durante o almoço.
A Madalena ficou surpreendida por a ver àquela hora e num dia de semana, geralmente a Rita está sempre ocupada com reuniões, almoços de trabalho.
Não diz nada, sentam-se as duas numa mesa sossegada no bar da loja, hoje o prato do dia é quiche de cogumelos e tofu, escolhem o sumo de tomate.
O que sempre fizeste, responde a Madalena, dás a volta por cima... És sócia-gerente de uma empresa de marketing de prestígio, és respeitada no mercado, tens uma filha maravilhosa.
Mas falta-me o Gonçalo, interrompe a Rita, sei que um dia isto poderia acontecer, mas tínhamos uma relação tão feliz, tão cúmplice... não sei verdadeiramente onde falhamos, porque a Francisca diz-me que o Pai continua sozinho!
Sinceramente, não tenho resposta para isso, confessa a irmã, se calhar, nem o próprio Gonçalo sabe... Até precisam de estar uns tempos separados para analisar o que está a acontecer.
Creio que o Gonçalo tem planos profissionais que não me incluem, desabafa a Rita e a Madalena fica preocupada, nunca a viu assim tão triste.
Nem mesmo quando o Raul deu aquele golpe e desapareceu do mapa, explica a Madalena ao marido naquela noite ao jantar.
Estão sozinhos, sem filhos, sem netos, gozam um raro momento de intimidade.
O Inspector encolhe os ombros, mas o Raul era um ladrão, diz, a tua irmã teve que lutar para que as pessoas esquecessem a situação. O Gonçalo é um profissional conceituado, é sócio dela, estabeleceram os dois o nome no mercado, é um pouco diferente.
Não tinha considerado esse ponto de vista, admite a Madalena, e há a Francisca.
A Francisca é uma lutadora, interrompe o Bernardes, aqueles dois estão a educá-la muito bem, a miúda vai sair-se muito bem.
A Madalena sorri, o marido tem um sexto sentido, aprendeu a ler as pessoas, o que, às vezes, é um inconveniente.
A Clarinha já te falou no novo projecto? a Madalena desvia a conversa agora para a filha adoptada, sempre cheia de ideias, de projectos.
Não, só sei o que me contaste! Passar seis meses na Argentina a coordenar um estudo de inserção social? repete o marido, porque não cá?
A mulher suspira, sei lá, sabes que a Clarinha sempre quis viajar.
CONTINUA
Comentários
A Clarinha sempre foi muito perspicaz :) Gostei deste começo
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É assim, que esta vida tem jeito.
Beijos, boa tarde
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Abraço e saúde