RITA E CLARINHA FIM

 

A Rita suspira de alívio, as férias foram muito cansativas e ela está muito preocupada com a irmã.

A Madalena parece ter envelhecido um ano, está apática e queixa-se a Matilde que tem que a obrigar a levantar-se, a vestir-se, mesmo a comer, parece estar a viver noutro Mundo, sussurra.

É normal, assegura a Rita, só vai ficar sossegada quando a Clarinha regressar.

Não sei se foi uma boa decisão ela ter ficado cá, insiste a sobrinha, talvez lá, ela ficasse mais calma.

A Rita não diz nada, não tem realmente uma opinião formada sobre o assunto, por isso, limita-se a ouvir a irmã.

A Madalena desabafa toda a dor que lhe enche o coração, chora, faz com que a irmã chore também.

Resolvem telefonar para a Argentina, é o Gustavo quem atende, a Clarinha está estável, o Pai está a tratar da transferência dela para um hospital português.

Creio que no fim de semana estará tudo concluído, remata, por isso, sossega, Mãe. Está tudo em ordem.

A Madalena respira fundo, tem já um pequeno sorriso nos lábios, tenho que preparar os pratos favoritos dela, diz.

Calma, aconselha a Rita, deixa a rapariga vir e depois, pensas nisso, mas também ela quer mimar a sobrinha.

Os dias até à chegada da Clarinha custam a passar, a Madalena resolve limpar a casa, a Rita volta para o trabalho, há novos projectos para preparar.

A Rita quer ir ao Aeroporto, mas o Gonçalo convence-a a esperar, vai lá estar muita gente, a Clarinha vai ficar muito cansada, explica, vai vê-la no dia seguinte.

A Clarinha está bem instalada, a Madalena está mais animada, a mimá-la tanto que a filha lhe pede calma.

Só ao fim de dois meses é que a Clarinha volta para casa, tem ainda um longo caminho de recuperação pela frente, mas tudo leva a crer que superá tudo com o optimismo que a caracteriza.

Até pede para trabalhar remotamente, faço qualquer coisa útil, responde quando a Mãe protesta, não estou só a ler, a ver TV ou a comer.

Pensa em regressar novamente à Argentina, não acabei, aliás, corrige, nem comecei o trabalho lá, mas o Pai nem quer ouvir falar nisso durante os próximos meses.

Tanto a Matilde como o Gustavo aconselham o mesmo, mas é a Clarinha e tu sabes como ela é, comenta a Rita nessa noite, o Gonçalo veio trazer a Francisca e ela convidou-o para jantar.

Não me admira nada que ela volte assim que os médicos lhe derem alta, atalha o Gonçalo e suspira.

A Rita percebe que ele quer falar de alguma coisa, mas não o quer fazer em frente da filha que os olha trocista e se fecha no quarto assim que termina o jantar.

Não achas que está na altura de falarmos novamente sobre nós? pergunta-lhe abertamente o Gonçalo.

Apanha-a desprevenida, a Rita senta-se, mas concorda, está na altura de falarem novamente sobre eles.

FIM 

Comentários

Bem. A Clarinha, sempre otimista e teimosa, quer ir a Argentina fazer o que não fez. É normal que o pai entre até em pânico só de ouvir falar. Os Pais sabem...
Quanto ao Gonçalo e à Rita gostaria de os ver unido outra vez... será que vamos assisti?
Obrigada pelo maravilhoso ( e conturbado) conto 🍀
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No aroma mais belo, e perspicaz

Beijos, e uma excelente tarde.
Elvira Carvalho disse…
Será que vão fazer as pazes? A mim sempre me pareceram almas gémeas. Mas enfim às vezes as aparências iludem.
Abraço e saúde

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