O SEGREDO DO EDGAR PARTE IV

 

Tenho o cuidado de deixar a casa de banho da Mãe como a encontrei e acabo por me vestir lá.

A Mãe fica um pouco surpreendida quando me vê, não me digas, pede, guerra por causa da limpeza da casa de banho? Vocês têm que encontrar uma maneira de se entenderem, já sabem o que ficou combinado. A D. Margarida limpa-a todos os dias e vocês mantém-na em condições de utilização, frisa.

Devia fazer uma para mim, respondo, não posso utilizar a de serviço? e a Mãe suspira, abana a cabeça, essa é para uso exclusivo da D. Margarida, repete, não me importo que utilizes a minha, mas aplicam-se as mesmas regras.

É a minha vez de suspirar, a casa de banho fica dentro do quarto da Mãe, complica um pouco as coisas.

Temos que fazer um horário de utilização da casa de banho, proponho aos meus irmãos nesse noite ao jantar, mas eles riem-se.

Estás louca??? troça o Matias, é um pouco despropositado, concede a Mãe, mas não deixa de ter alguma razão. Não ficou combinado deixarem a casa de banho como a encontraram? Não custa nada abrir a janela, limpar a banheira, pendurar o toalhão no estendal para secar e mudar o tapete se necessário....

O Edgar fica um pouco corado, olha-me furioso e eu deito-lhe a língua de fora.

O meu sobrinho Luís ri-se, deita igualmente a língua de fora e a Filipa repreende-o, deixem de se comportar como dois garotos, observa, não custa nada, é o que se têm que fazer quando se partilha a casa de banho com muita gente.

Abro a boca para protestar, ela sempre teve uma casa de banho privativa, mas a Mãe está a olhar para mim muito séria e não digo mais nada.

O Matias e o Edgar levantam-se da mesa logo que acabam de comer, colocam rapidamente os pratos e os talheres na máquina e saem da cozinha.

A Matilde faz beicinho, é a vez do Matias lhe contar uma história antes de dormir, mas eu distraio-a, as minhas histórias são melhores que as do Matias, anda daí que eu ajudo-te a despir.

Deixo-a na casa de banho a lavar os dentes, tento ouvir o que os rapazes dizem no quarto ao lado.

Então, ela que vá ao Centro de Saúde, sugere o Matias, não ouço o que o Edgar pergunta, às vezes, és mesmo burro! Claro que não vão dizer aos Pais, ela tem idade suficiente para resolver o assunto sozinha!

O Edgar continua a falar baixo, a voz do Matias soa agressiva, quantas vezes te preciso de explicar as coisas? E, olha, muda de marca! Tenta esta, e ouço qualquer coisa a ser atirada.

Já acabei, anuncia a Matilde já no corredor à minha procura, sorrio-lhe, agora chichi, vestir o pijama e cama! respondo

E a história? atalha a minha sobrinha, claro que não me vou esquecer da história! prometo, mas estou distraída, o que é vai acontecer agora? 

CONTINUA


Comentários

Elvira Carvalho disse…
Pois eu faço a mesma pergunta.
Bom atualizei a leitura. E continuo apaixonada pelas suas histórias.
Abraço e saúde
Essa do Edgar está a dar-lhe volta à cabeça! O que será que vai acontecer?? :)
-
Seria a vigilância da desventura alheia

Beijos, boa tarde
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