O SEGREDO DO EDGAR
Com a morte do Pai e a doença da Mãe, não pensei muito no que quero fazer.
Ok, podes ter um ano sabático, diz a Filipa, faz voluntariado, dá explicações, concorre a um part-time, mas faz qualquer coisa, frisa.
Trabalho uns tempos com a Clarinha na organização onde ela é voluntária, tenho as manhãs todas ocupadas e três vezes por semana, trabalho num call-center.
Estudo as minhas opções, estou indecisa entre Sociologia e Tradução, parecido! troça o Edgar, mas a Mãe manda-o calar, incentiva-me a expor as minhas razões.
Interessa-me essa área, respondo, principalmente agora que estou a trabalhar naquele Abrigo para Mães Adolescentes.
Atenção, interrompe o Edgar, não te tornes tu numa Mãe Adolescente! e eu dou-lhe um murro no braço.
Edgar, isto não é um assunto para brincadeiras! observa a Mãe, também te posso chamar a atenção para o mesmo! Cuidado com as tuas relações, não sejas Pai muito cedo!
O Edgar fica muito corado, não se atreve a dizer mais nada.
Observo-o com atenção, o meu irmão está nervoso, esconde qualquer coisa, mas eu vou descobrir.
Conheço todos os esconderijos desta casa, o segredo do meu irmão vai ser exposto.
Nessa noite, ao jantar, só estou eu, o Edgar e a Mãe, o Miguel está fora e a Filipa está a substituir uma colega nas urgências da clínica.
O Matias chega quando estamos a terminar a sobremesa, tão tarde, filho! repreende a Mãe.
O Matias desdobra-se em desculpas, tivemos uma reunião de última hora! Não tive tempo de avisar, esclarece enquanto se senta.
Não lavaste as mãos! diz o meu sobrinho Luís, pois não! Como é que me esqueci disso? replica o tio e desaparece na casa de banho de serviço.
Os meninos já terminaram? Lavar os dentes, cama, a Inês vai convosco, decide a Mãe, ok, podem ler meia hora, mas depois apagam a luz, acrescenta quando vê a cara contrariada dos netos.
Quando volto à cozinha, só ouço as vozes dos meus irmãos, a Mãe já deve estar ou na sala ou no quarto.
Descalço os sapatos, aproximo-me da porta que está entreaberta, encosto-me à parede.
O dito cujo rompeu-se, conta o Edgar, não sabemos bem como aconteceu!
Foi depois? questiona o Matias, o Edgar não deve ter compreendido, pois fica em silêncio uns minutos.
CONTINUA
Comentários
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Feliz fim de semana.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Beijos, e um bom fim de semana.