OS PLANOS FIM

 

O meu tio suspira, não, não vou contar nada, diz, mas isto não se pode repetir, estás a entender? É um voto de confiança, Gonçalo, espero que compreendas e o mereças. Vou falar com o teu Pai, e ergue a mão quando abro a boca para protestar, mas é para terem uma conversa franca sobre sexo, protecção e afins.

Ups, o meu Pai falar sobre tema tão melindroso, não estou mesmo a ver, mas posso ter uma surpresa, nunca se sabe, conto mais tarde à Clotilde que ri.

O meu tio cumpre a palavra, não se fala mais no assunto, se precisar de estar à vontade com a Clotilde, terei que considerar outro lugar.

Talvez o Matias ou o Edgar saibam, ou talvez seja melhor não os abordar, terei que responder a imensas perguntas, decido.

Sinto que estou a andar na corda bamba, a Clotilde começa a afastar-se, desculpa-se com os testes de fim de ano.

Também estou muito ocupado, não penso muito no assunto, pois, além de irresponsável, encaras as coisas de uma forma muito leve, acusa-me a minha irmã e eu fico sem saber se a Clotilde comentou alguma coisa.

Não, a Clotilde não faria isso! Não conhece a Sofia o suficiente para lhe fazer esse tipo de confidências, respiro aliviado.

Nas férias de Verão, a Clotilde parte para um local desconhecido com os Pais, eu não lamento nada.

Foi bom enquanto durou, confidencio ao Edgar e este dá-me um empurrão, se calhar, não gostou da forma como ages! responde enigmaticamente.

O que queres dizer com isso? pergunto, ah, meu Deus, o tio Gonçalo falou com ele, mas o meu primo encolhe os ombros, às vezes, tu és um pouco bruto, franco demais! Não é propriamente uma coisa má, mas tens que encontrar a forma certa de abordar as situações, responde.

Não entendo nada do que ele está a dizer, não entendes nada! repete a minha irmã quando lhe conto a conversa que tive com o nosso primo.

Só entenderei anos mais tarde quando encontro o amor da minha vida e numa conversa franca, ela enumera todos os meus defeitos e explica porque é que não pode ficar comigo.

Sou assim tão má pessoa? questiono e a minha irmã apenas sorri, não, não és má pessoas, às vezes, não pensas antes de falar.

Fico então a matutar se não estarei a viver da forma errada...

FIM


Comentários

Nem sempre se consegue viver de acordo com o que gostaríamos. São os contrastes da vida.
Cumprimentos cordiais.
Jeanne Geyer disse…
Olá, por uma questão de foco do blog, o link mudou, no lugar de Boteco das Letras agora passa a ser: https://costuraerasga.blogspot.com/
Desculpe o transtorno mas foi para ficar melhor. Depois voltarei para postar direitinho.
Pena que não acompanhei toda a história, apenas algumas partes, mas escreves muito bem, de forma simples como deve ser, porém muito interessante e prende atenção. Beijos ;)
Elvira Carvalho disse…
Acabei de ler o resto da história que tinha começado antes de ir para o Algarve.
Abraço e saúde

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