O SEGREDO DO EDGAR PARTE III
Adormeço, acordo tarde e encontro já o Edgar e o Matias na cozinha a darem o pequeno almoço aos miúdos.
Estou atrasado, declara o Matias, um de vocês tem que os levar ao colégio, a Filipa veio muito tarde e está ainda a dormir.
Tu, Inês! pedem os miúdos, podemos ir de metro? pergunta o Luís e eu aceno que sim.
Fala com ela e depois telefona-me, segreda o Matias ao Edgar, finjo que estou a cortar uma fatia de pão, mas percebi tudo.
Se conseguisse apanhar o telemóvel do Edgar e ler os SMS... não seria a primeira vez e sei como o fazer sem deixar vestígios que li as mensagens.
Mas o Edgar tem o telemóvel na mão, não o larga nem por um segundo, está à espera de um SMS importante.
O telemóvel apita quando estou a preparar os miúdos, vejo que o meu irmão fica um pouco agitado, algum problema? pergunto trocista, mas o Edgar nem responde.
Os miúdos adoram a viagem de metro, fazem imensas perguntas e eu estou com a cabeça à roda quando os entrego à auxiliar.
Passo a manhã no Abrigo, fico lá até à hora de almoço e depois sigo para a loja.
Chego a casa cansada, com vontade de tomar um banho, mas a casa de banho está ocupada pelo Edgar que canta alto e desafinado.
Quando é que alguém lhe diz que é um péssimo cantor? suspiro e a D. Margarida dá uma gargalhada, é só no chuveiro, deixe lá cantar, replica, porque é que não vai para a casa de banho da Mãe?
Boa ideia! sorrio, saio da cozinha e resolvo passar pelo quarto dos meus irmãos, talvez tenha sorte e o telemóvel esteja lá.
O telemóvel está em cima da mesinha, o Edgar mudou várias vezes a configuração para entrar, mas sempre descobri a nova, o meu irmão não é muito original e por isso, não hesito.
A configuração é a mesma, procuro os SMS, alguns são do trabalho, outros de pessoas que não conheço.
A água para de correr, tenho pouco tempo, estou quase a desistir, mas bingo, lá está o SMS da namorada, a dizer que não tem a certeza se fez bem o teste, o resultado é inconclusivo.
Ouço a porta da casa de banho a abrir-se, coloco o telemóvel na mesinha e encosto-me à parede para deslizar para fora do quarto assim que o Edgar entre.
Não sabe ler as instruções? Resultado inconclusivo? que treta é essa? penso enquanto abro a janela da casa de banho que parece um sauna.
Bolas, o Edgar não lavou a banheira, OH, IDIOTA? grito, porque é que não limpaste a casa de banho? Não foi isso o que ficou combinado? Deixa-se a casa de banho limpa!!!!
LIMPA-A TU!!!! berra o Edgar do quarto e a Filipa aparece no corredor com os filhos atrás.
Que barulheira é essa? pergunta, eu e o Edgar começamos a falar ao mesmo tempo e a nossa irmã ergue as mãos a pedir silêncio.
Tu, e aponta para o Edgar, vais limpar a casa de banho, tu, e olha para mim muito séria, vais tomar banho na casa de banho da Mãe e nós, diz para os filhos, vamos tomar banho na nossa!
Ah, mas eu queria que fosse a Inês, protesta o Luís, mas a Mãe não admite desobediências e aponta-lhe o caminho.
Deito a língua de fora ao Edgar, este ameaça dar-me uma bofetada, mas o telemóvel apita novamente e ele desaparece novamente no quarto.
CONTINUA
Comentários
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Saudações poéticas
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Adorei :)
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Seria a vigilância da desventura alheia
Beijos, e uma excelente semana.