GUSTAVO FIM

 

Talvez por ter sido uma criança rebelde, a Clarinha sabe falar com o meu filho e torna-se o meu maior apoio.

O rapaz torna-se mais civilizado, a Clarinha brinca comigo, diz que sou um "pai tirano", ele só estava assustado, acrescenta, tens que ter paciência, tens que falar verdadeiramente com ele e dá-me uma palmada nas costas.

Quem diria, que a Clarinha se tornaria tão sensata? confesso à Matilde, mas a minha irmã suspira, não é apenas sensatez, diz, é experiência de vida. Estiveste presente, sabes tão bem como eu os problemas que houve!

Quando a audiência é marcada, posso dizer que a relação com o Júnior está mais civilizada, ainda temos um longo caminho pela frente, mas já obedece, fala mais e descubro que é bastante brincalhão.

A Luísa faz-lhe uma grande festa quando o vê, o Júnior fica um pouco desconfortável, mas senta-se com todo o aprumo ao lado da Assistente Social.

A audiência é breve, o juiz está de posse de todos os factos, considera que o melhor para o Júnior neste momento é ficar comigo, concede-me a custódia total.

Para já, a Luísa só o poderá ver de quinze em quinze dias com supervisão, em casa dos avós maternos com quem a Assistente Social já falou.

As férias, festas de Natal e Fim de Ano, Páscoa têm que ser combinadas comigo e terei que aprovar o local.

Não sei se me agrada, a Luísa protesta veementemente, o Dr Leonardo tenta acalmá-la, aconselha-a a voltar para a cidade, a procurar um emprego estável e talvez se consiga reverter a situação, esclarece.

A Luísa nem se despede do Júnior, leva-o para casa dos meus Pais, eu e a Clarinha explicamos tudo o que está a acontecer.

O miúdo fica calado uns minutos, não tenho a certeza se compreendeu, mas a Clarinha garante que sim, espera que ele te fale no assunto, nunca antes! observa.

Por isso, espero, mas naqueles primeiros meses, o Júnior não diz nada, parece adaptar-se bem ao ritmo da vida e só me fala no assunto no dia em que faz doze anos.

FIM

Comentários

Mais uma bela estória que gostei de acompanhar
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Cumprimentos cordiais.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Elvira Carvalho disse…
Tudo está bem quando acaba bem.
Um abraço e saúde
Muito bem. Este caso é-me muito familiar :)) Compreendo perfeitamente o Gustavo. A Tita nem tanto porque só estragava o filho. O Junior vai adaptar-se e nem sei se vai querer ir às visitas . à mãe... Adorei a estória!
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Beijos. Boa tarde

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