SIMÃO, O RUFIA


Chamo-me Simão,
o manda-chuva cá do bairro.
A minha Mãe diz que eu sou um rufia: um desespero.
Porque não há dia em que não entre em casa,
todo sujo, com as calças rotas,
os sapatos cheios de pó,
os joelhos e as mãos esfolados.
Adoro subir às árvores e aterrorizar os gatos da vizinhança.
Quero lá saber se vesti as calças de lavado e os sapatos já têm que levar solas!

Mas hoje, e em tua honra, pedi à minha Mãe para me vestir a preceito
e trazer-te uma rosa do jardim.
Para te dar as boas-vindas ao bairro.
Tu és nova aqui, não és?
E deves viver naquela casa, ali em baixo?
Vi os camiões a descarregarem lá montes de coisas e pessoas a limparem.
Sim?
Bem me parecia; não queres vir dar um passeio comigo?
Vais adorar viver cá...

Desconheço o autor da imagem (via net)

Comentários

Unknown disse…
Estaremos perante o início de um grande amor? A infância, saudosa infância... Quem nunca sujou a sua roupa nos primeiros instantes de rua, a mesma que a mãe lavara e engomara com todo o carinho? Criança é assim. Um bom retrato o seu. Abraço.
Anónimo disse…
fez-me lembrar um texto que escrevi com um personagem também chamado simão :) um grande beijinho e bom fim-de-semana!
Um poema bem interessante. O primeiro amor de um menino na curva da adolescência.Bonito demais.
Beijos, Marta!
Sofá Amarelo disse…
Há poemas que podem ser contados como histórias e histórias que são poemas... é este o caso: o Simão é a criança que todos deveríamos ser e ter sido, pois as verdadeiras crianças são aquelas que são capazes de brincar, fazer maldades mas ao mesmo tempo ser carinhosas!
uminuto disse…
tanta ternura e beleza nas tuas palavras
adorei Marta
um beijinho
Nilson Barcelli disse…
Gostei muito da maneira como contaste a história. Com imensa ternura... e um excelente texto, de resto.
Querida amiga, boa semana.
Beijos.
Secreta disse…
Um "rufia", que no final de contas, de rufia parece ter pouco! :)

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