O CONSELHO PARTE II

 

Em casa, explico à minha Mãe o que aconteceu, espero que a tia saiba o que dizer, concluo.

A Mãe suspira, é natural que esteja confusa, tem planos e uma criança implica uma adaptação, uma reorganização de prioridades, diz, tenho a certeza de que vai tomar a decisão certa!

É a minha vez de suspirar, o meu Pai morreu quando eu era criança, mal me lembro dele, mas sei que a Mãe teve dois empregos para nos sustentar, eu e o meu irmão mais velho.

Logo que pode, o meu irmão arranjou um emprego, contra a vontade da Mãe que achou um absurdo, estudou à noite, é agora advogado estagiário num gabinete de advocacia.

A partir dos dezoito anos, eu também comecei a trabalhar em part-time, como modelo, empregada de mesa, monitora (no Centro Desportivo onde conheci o Gonçalo), tentei dar dinheiro à Mãe, mas ela recusou.

Talvez seja por isso que sou quase obcecada com os cuidados para evitar a gravidez e nem sempre compreenda porque é que as pessoas ficam admiradas quando isso acontece.

Mas estou preocupada com a Sofia, está muito confusa e tenho alguma dificuldade em concentrar-me na aula de Primeiros Socorros.

Sou a primeira a sair da sala, os meus colegas estão surpreendidos, nunca digo que não a um café na cafetaria da universidade e ligo o telemóvel.

Há uns SMS do Gonçalo e uma chamada não atendida da Sofia, oh, meu Deus, o que é que aconteceu? fico nervosa, sou tão calma e objectiva.

Ligo-lhe de imediato, a Sofia parece que está calma, já conversou com a Tia e com a Mãe, a Tia Carolina achou melhor que ela estivesse presente, a Mãe pareceu um pouco ofendida, conta, sempre houve uma relação de confiança, empatia entre nós..

Ok, tudo bem, interrompo, mas decidiste alguma coisa? Queres vir jantar comigo lá em casa? A minha Mãe não está, compramos qualquer coisa no supermercado, há uma churrascaria perto.

A Sofia aceita o convite, decidimos comprar frango assado, arroz e eu faço uma salada.

Então? insisto, basicamente o que a Mãe e a Tia Carolina disseram que só eu é que posso decidir, responde, se quiser ficar com o bebé, elas ajudam, o que não falta na família são bebés! E, eu estou inclinada em ficar com ele, continua a Sofia, não sabemos o que vai acontecer no futuro, pode ser o meu único filho!!!

Fico calada por uns minutos, é uma decisão corajosa, eu não a tomaria, mas tenho que concordar que o é.

E o que vais fazer com o emprego? pergunto.

CONTINUA

Comentários

Ela faz bem em tomar uma atitude positiva. Na Família há sempre quem dê uma ajuda. Quanto ao emprego, acho que deveria aceitar e logo se vê o que acontece.

Estou a adorar!
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"Sem querer dizer adeus.."

Beijos
Boa Tarde!

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