A FESTA PARTE II

 

Acordo já passa das sete, tomo um duche rápido, equipo-me e saio para correr.

Fico surpreendida quando vejo o Dinis à minha espera no início do percurso, não me deitei muito tarde, explica, também gosto de correr bem cedo.

Fazemos o percurso em silêncio, no regresso, paramos no pequeno café, tomamos o pequeno almoço e o Dinis diz que é trabalhador/estudante, trabalhar no centro faz parte do estágio obrigatório do último ano.

E depois? pergunto, o Dinis fica calado por uns minutos, enviei o CV para vários colégios privados, para alguns ginásios e espero continuar por aqui, diz, cresci na zona, conheço-a bem, posso ficar em casa da minha tia.

A tua tia vive aqui na zona? repito, quem é? e o Dinis ri, é a dona da tabacaria, ah, a D. Clotilde, é muito simpática, muito prestável, exclamo.

Conversamos mais uns minutos, o Dinis tem que ir para o Centro e eu tenho que terminar os capítulos, estou completamente bloqueada, todos têm o destino traçado, menos aqueles dois!

Se calhar, até já sabes, responde o Dinis, só que não encontraste ainda as palavras certas e eu fico a matutar no assunto.

Talvez ele tenha razão, afinal tudo está já decidido, estou bloqueada porque cheguei realmente ao fim.

A casa continua silenciosa, o Gonçalo ainda deve estar a dormir, mas o pátio e a cozinha estão limpos.

Foi ele sozinho ou os outros ajudaram? Às vezes, o meu irmão surpreende-me, é prático, assertivo tal como a Mãe.

Eu acho que sou mais parecida com o Pai, calma, ponderada, tão organizada que até enjoas como declara o Gonçalo.

Sorrio enquanto tomo outro duche e visto a roupa de trabalho. Ligo o PC, leio o último capítulo e as palavras começam a jorrar.

Quando o Gonçalo bate à porta, pergunta se quero almoçar com ele no café da vila, as minhas personagens já aceitaram o destino e escrevo FIM.

Claro que sim, grito, espera dez minutos, faço Save, desligo o PC e dispo a roupa de trabalho.

O Gonçalo passa o almoço a explicar-me os detalhes do novo projecto, está entusiasmado, certo do sucesso, eu começo a ter dúvidas sobre o final do livro.

Queres que eu leia? Dou uma opinião em dois tempos, replica o Gonçalo quando falo sobre o assunto, mas eu abano a cabeça, não, quero que o final seja uma surpresa. No fundo, acho que esta é a melhor solução.

Então, deixa ficar o assunto em aberto, escreves depois uma continuação, aconselha o Gonçalo, não sei qual é o problema. 

Sorrio, ergo-me ligeiramente, dou-lhe um beijo na testa, és um génio, pá! Como é que eu não sabia que tinha um irmão tão inteligente??? exclamo.

O Gonçalo fica corado, o que queres que eu te diga? Ás vezes, tenho estes laivos de inteligência e surpreendo-te.

CONTINUA


Comentários

Fatyma Silva disse…
Bom dia Marta!
Amei fazer uma leitura em seu blog,
Uma leitura fluente, um jeito saudável de escrever
Amei!
Obrigada pela partilha.

Tenha bom fim de semana.
Beijinhos
Muito bem. Por vezes uma boa conversa sobre o assunto sabe bem e existem outras inspirações!
-
As palavras são o ponto de encontro

Bom fim de semana. Beijo
Elvira Carvalho disse…
Gostei do capítulo.
Abraço, saúde e bom fim de semana

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