A REFORMA PARTE IV

 

Fico curiosa, não conheço bem a miúda, aliás, nem mesmo o Miguel, o filho da Laura, a irmã problemática do António e do Gonçalo, tenho que parar de a chamar assim, penso.

A Maria Rosa é uma adolescente desengonçada, mal vestida, um pouco mal educada, a quem a Clarinha põe em dois tempos no seu devido lugar.

Repreendo-a com o olhar, mas a minha filha ignora-me, tratei-a como trato os meus sobrinhos quando são malcriados, justifica-se mais tarde.

A Maria Rosa fica surpreendida, não se atreve a responder, talvez nunca ninguém lhe tenha falado assim.

Torna-se mais civilizada, confesso mais tarde à Rita, e o certo é que a Clarinha a convenceu que passar duas semanas como monitora júnior no tal acampamento é boa ideia!

Tenho que concordar com ela, diz a Rita, na loja, a rapariga era capaz de se sentir "fechada", " sufocada"... Não sei qual foi a ideia do Pedro, o Gonçalo também não acha que seja a melhor solução para uma adolescente tão revoltada.

E a Clarinha entende muito bem isso, interrompo, aquela minha filha é original! repito.

Ajudo-a a preparar a mochila, faço-lhe tantas recomendações que a Clarinha tapa-me delicadamente a boca, Mãe, eu não sou uma irresponsável! Eu vou ter cuidado, sei os limites.

Acompanho-a até ao comboio, à última da hora, a Matilde e o Bernardo inscreveram o Júnior, está a ficar muito preguiçoso, explica a Mãe e eu fico na plataforma até o comboio partirem.

Achas que vai resultar? pergunto ao Telmo nessa noite, a Clarinha, os nossos dois netos e a Maria Rosa?

Porque não? Não te preocupes, a Clarinha dá conta do recado, responde o Pai, ficava mais preocupada se ela fosse para a China, para a Turquia...

Rio, sim, está no País, se acontecer alguma coisa, estaremos lá em duas horas, concordo, entretanto, o que é que vamos fazer?

Vou continuar a apoiar os meus colegas neste caso, responde o Telmo, mas pensei que podíamos passar este fim de semana na vila. Já falei com um dos filhos da Carolina, o Miguel ou o Matias? confundo-os sempre e ele diz que uma das casas está livre.

Ok, eu gosto de estar na vila, podemos fazer um dos percursos ou visitar uma das cidades ali perto, este fim de semana é a Teresa quem está de serviço à loja.

Na quinta à noite, a Matilde telefona, será que podemos ficar com os gémeos? A Matilde está em casa de uma colega, passa lá o fim de semana e o Bernardo tem um jantar de negócios no sábado, quer que eu vá com ele.

Suspiro, eu e o Pai também vamos passar o fim de semana fora, explico, mas espera lá, vamos passar estes dias na vila, acho que os podemos levar... 

Oh, Mãe, salvas-me o dia! exclama a Matilde e combinamos os detalhes.

O Telmo não fica exactamente feliz com a ideia de levar os gémeos, pelo menos, já andam e falam, consolo-o, e podemos sempre deixa-los no parque com o Gonçalo.

CONTINUA

Comentários

Elvira Carvalho disse…
Mais um capítulo interessante.
Abraço, saúde, boa semana e feliz Agosto
Acompanhando
.
Feliz semana… abraço poético
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Quem diria que a Clarinha se tornava tão responsável??
Maravilhoso.

Beijos. Uma excelente semana

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