O DOENTE PARTE IV

 

O Bernardo suspira, quer esquecer tudo, descansar, pensar no próximo passo.

O telemóvel toca, é o Gustavo, oh, pá, estás cá e não dizes nada? protesta e o Bernardo explica-lhe o que se tem passado.

Combinam encontrar-se no dia seguinte, o Gustavo passa lá por casa antes de jantar, não posso ficar muito tempo, tenho que ajudar a Luísa com o miúdo, desculpa-se, mas fazes-me o resumo.

O Pai bate à porta, está nervoso, ansioso, quer conhecer a herdeira e o Bernardo ri-se.

A Leonor está a dormir, a Aída está feliz e os três conversam baixinho.

Estás bem, filho? pergunta a Aída e o filho acena que sim, mas não convence o Pai.

É melhor irmos embora, estás a ficar cansado, observa, a tua Mãe também tem que descansar, voltamos amanhã.

Na rua, o Bernardo fica parado uns minutos, custa-lhe a respirar, vamos levar qualquer coisa para comer, insiste o Pai, e depois vais dormir. Eu vou buscar uns coisas a casa e fico lá a dormir.

Não preciso de babysitter, brinca o filho, mas o Pai ignora-o, está muito preocupado, não será melhor marcar uma consulta urgente na Unidade de Saúde? Ter outra opinião? continua, mas o Bernardo abana a cabeça.

Tem seguro da empresa, já tem consulta e uma série de exames marcados numa clínica, não te preocupes, responde, isto está controlado.

O Pai fica calado, decide ir com ele à consulta, quer falar com o médico, o Bernardo fica um pouco contrariado, oh, Pai, tenho quase 30 anos! Sou uma pessoa responsável! mas o Pai consegue ser tão teimoso como ele.

O Gustavo ri-se quando lhe conta, está mais gordo, pensa o Bernardo, é o peso das responsabilidades, comenta o amigo, mas agora que tenho tudo mais organizado, vou voltar ao ginásio! Eu e a Luísa! acrescenta, as avós ofereceram-se para ficar com o rapaz! Por isso, vamos aproveitar...até para uma escapadela de vez em quando!

Como está a Matilde? E a Clarinha? e o Bernardo sorri ao lembrar-se da miúda que o seguia como um cachorrinho.

O Gustavo hesita, falar da Matilde é sempre um pouco complicado, mas o Bernardo conhece-se desde miúda, tem o direito de saber que a irmã está em tratamento e está a reagir bem.

A Clarinha continua a ser aquele furacão que conheces, diz, tens que lhe telefonar ou ir lá a casa, por vontade dela, já te tinha telefonado, a Mãe é que a convenceu a esperar! Estás doente, ainda te estás a instalar, tiveste uma irmã, etc...

O Bernardo volta a rir, hoje sente-se com mais forças, está mais relaxado.

CONTINUA



Comentários

Elvira Carvalho disse…
A Clarinha que agora será uma mulher já, se continuar como em criança, deve ter uma paixoneta pelo Bernardo.
Abraço e saúde
Está tudo a acontecer. Abençoado Pai que mesmo o filho não querendo vai falar com o médico! Boa!:)
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Beijos e uma excelente tarde!

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