A REUNIÃO
A reunião está ao rubro.
Falam alto, rejeitam sugestões e trocam insultos e eu sinto a cabeça a latejar.
Tento acalmar os ânimos, mas ignoram-me por completo e acabo por resolver o assunto à moda antiga.
Dou um valente soco na mesa e todos me olham assustado. O Meireles reage de imediato, dizendo:
" Oh, Brites, enlouqueceste de vez? " ao que respondo apressadamente:
" Sim, devo ter enlouquecido. Temos assuntos importantes a tratar e vocês só falam da maldita porta!"
" É por razões de segurança!" sugere o Machado, mas eu abano a cabeça e digo:
" Mas não acham que devemos resolver a questão do telhado? Há telhas partidas, a estrutura está podre e tem que ser substituída. O 5º andar está a queixar de infiltrações..."
" Mas o que fazemos em relação à porta?" insiste o Machado e a D Rute do primeiro andar direito comenta:
" Esta porta não é necessária! Devemos, mas é substituir a porta da rua e colocar as caixas de correio no exterior. Assim, o carteiro escusa de entrar e evita-se também a entrada de elementos indesejáveis!" frisa.
" Não concordo consigo!" contrapõe o Machado e o Meireles interrompe:
" Vamos deixar o Brites falar! Ele tem razão; estamos a perder tempo com assuntos insignificantes" e a D Rute segreda baixinho:
" Tem medo que lhe roubem a mulher!" e a D Filomena do quarto andar esquerdo ri-se.
CONTINUA
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