SOFIA COMO A POETISA PARTE IV

 

A auxiliar vem a correr, não, a  Inês não está lá dentro, diz, onde é que ela se meteu? Vocês sabem alguma coisa? pergunta-nos.

O Gonçalo abre a boca para falar, mas dou-lhe uma cotovelada e ele cala-se. O Matias repara, vocês sabem alguma coisa, o que é? insiste, é melhor dizerem já, porque vão ser castigados.

Respiro fundo, não sei porquê, replico, não tenho culpa que a Inês tenha fugido, mas o Matias nem ouve.

O segurança está já a descer a rua na direcção da paragem do autocarro, o Matias vai no sentido contrário e a auxiliar faz-nos entrar para o gabinete da segurança, aqui calados, não quero ouvir um ai! aconselha.

Será que ela apanhou o autocarro? sussurra o Gonçalo e eu encolho os ombros, seja como for, isto vai acabar mal, não sei se vale a pena! penso.

Uns minutos mais tarde, ouço vozes, vozes muito zangadas. Reconheço a do Matias, está a falar muito excitado com alguém que grita tão alto como ele.

É a Inês, mais um minuto e ela apanhava o autocarro, conta o segurança, mas onde é que ias, Inês? pergunta a auxiliar, também muito zangada.

Vai ter que avisar a directora e vai receber uma reprimenda, ouço-a comentar com outra auxiliar que chegou entretanto.

NÃO TÊM NADA COM ISSO! a minha prima está muito segura de si, o irmão aperta-lhe o braço, achas que sim??? Pois eu acho que temos tudo a ver com isso! afirma, e agora vamos para casa e não quero ouvir um pio! Até tinha planeado uma viagem de autocarro, mas agora vais a pé e a passo acelerado! A minha frente, marchar...

Obedecemos sem uma palavra, acho que nunca vi o Matias assim tão zangado, a mão da Inês bem presa na dele.

A minha prima tenta resistir, mas o Matias finge que não ouve os protestos dela e quando chegamos a casa da Tia Carolina,  aponta-nos a porta da cozinha.

Fiquem aí com a D. Margarida, ordena, eu e esta menina vamos falar com a Mãe! e quase que arrasta a irmã até ao escritório.

A tia Carolina está fora, o Matias fica contrariado, isto é sério, alguém tem que tomar uma providência, repete, claro que sim! Eles vão lanchar e depois ficam sentados no quarto. A Mãe deve estar a chegar, tenha calma, aconselha, deixe-os aqui comigo.

O Matias suspira, saí da cozinha, ouvimos a porta da rua bater, deve ter saído.

Oh, Maria Inês, mas o que é que se passou? ralha a D. Margarida, a menina não pensa nos outros? A Mãe já não lhe explicou que não deve andar por aí sozinha? 

A Inês olha-a de soslaio, tem algum respeito pela D. Margarida e por isso, não responde.

Nem eu nem o Gonçalo falamos, até como o pão com geleia sem protestar e eu detesto pão com geleia!

Suponho que faz já parte do castigo, porque quando é a D. Margarida a preparar o lanche, oferece-nos sempre uma fatia de bolo de bolacha.

A D. Margarida suspira, não diz mais nada, mas acompanha-nos até ao quarto de brinquedos, fiquem aqui, estudem, façam desenhos, mas não quero ouvir um som, declara.

CONTINUA


Comentários

A i, ai, os meninos andam a portar-se mal. A Inês é desobediente :))
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Cada mente esconde um poeta...
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Beijo, e uma boa tarde.

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