O " MAS " OU A HISTÓRIA DO GONÇALO
Nunca vou gostar da palavra " mas"... acho-a irritante, petulante e tudo mais que termine em "ante".
Prefiro " contudo", " porém", " além disso", embora a mana Sofia, uma apaixonada pelas letras e pelas palavras se ria.
Eu não rio; como não gosto nada de ser o irmão mais novo.
Não é que a Sofia seja uma " chata" como a prima Inês ou " snob" como a Francisca; é que não sou respeitado.
O respeito é importante em qualquer relação, explica o Pai, seja familiar, entre amigos ou clientes.
Sim, corrobora a Mãe, se eu fosse arrogante e malcriada, os clientes não voltavam à loja. Estou sempre a chamar a atenção aos meus colaboradores para isso.
Não entendo muito bem este discurso, acho-o irrelevante quando tudo o que fiz foi roubar o diário da Sofia e li alguns dos seus pensamentos mais secretos.
Talvez o erro tenha sido comentar o facto com a Inês que gozou indecentemente com a minha irmã e vi-me obrigado a defender a honra da família.
A Inês calou-se, não disse mais nada, mas de vez em quando ainda faz um comentário maldoso.
A Sofia queixou-se aos Pais, durante uns dias não me falou, depois decidiu que era melhor mostrarmos uma frente unida à Inês.
Como não gosto da palavra " mas", estou a ter alguns problemas nas aulas, faz parte da aprendizagem, explica a professora e eu continuo a insistir que não a quero utilizar.
Então, vais escrever um página com sinónimos da conjugação " mas " e não quero erros, borrões de tinta; tem que estar imaculado, sabes o que significa? pergunta, nem espera pela resposta.
Por isso, cá estou eu sentado à mesa da cozinha, com o caderno aberto a tentar encontrar os tais sinónimos.
Suspiro, és mesmo idiota, declara a Sofia, custa-te muito utilizar o " mas "? tem sempre um motivo oculto, respondo.
A Sofia encolhe os ombros, depende da forma como é utilizado, comenta.
CONTINUA
Comentários
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Silêncio tão denso...
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Beijo, e um excelente fim de semana.
Thank you for sharing