O INSATISFEITO - PARTE III

 

Oh, Pedro, diz o avô, não te preocupes, estão aqui. Chegaram há cerca de meia hora, a Laura foi dormir, mas o Miguel está aqui na cozinha connosco. O que é que se passou?... Ah, conheceste alguém e estás a pensar em voltar a casar?... Pois, compreendo que a ideia não agrade muito à Laura, mas tens todo o direito de refazer a vida, voltar a ser feliz....não, não, deixa-o ficar aqui uns dias... e claro que sim, conversamos com a Laura.

Desliga e suspira profundamente. A avó comenta, o Pedro vai casar novamente e a Laura ficou desorientada.

O Pedro diz que foi uma cena muito desagradável e que isto de fugir a meio da noite com o Miguel é ridículo,  responde o avô, será que a nossa filha não compreende que isto não abona nada a favor dela, que o Pedro pode em qualquer coisa alterar a situação e ela começar a ver o filho em dias específicos e acompanhada por alguém da confiança do Pedro?

Agora é a avó quem suspira e eu escuto tudo atentamente. 

O Pai recebe muita gente em casa, mas nem todos ficam lá a passar a noite e tomam o pequeno almoço connosco.

Será aquela mulher muito sorridente que rouba beijos e abraços ao Pai a namorada? 

Gosto dela, senta-se no chão comigo a brincar, tem uma voz aceitável para ler as histórias e não se importa nada que eu a borrife com água quando estou no banho.

Pois, a Mãe não deve ter gostado nada... é muito ciumenta.

Mas não estou a prestar atenção à conversa dos avôs que se sentem impotentes perante a atitude da filha.

Temos que conversar com ela, talvez até telefonar ao médico dela e ver o que ele diz, sugere a avó, ela tem que voltar a fazer terapia.

Pois, concorda o marido, mas ela tem estado bem, concentrada no trabalho, a obter bons resultados, mas quando acontece qualquer coisa que ela não controla, ela toma estas atitudes que magoam toda a gente.

Os dois suspiram novamente e eu acho que é uma boa altura para deixar cair uma colher.

Assustam-se com o barulho, a avó sorri e o avô chama-me malandro.

Que tal uma sesta? Acho que é uma boa ideia, convence-me a avó e leva-me para o meu quarto.

Sim, o meu quarto, porque sou o neto que passo mais tempo cá em casa.


CONTINUA

Comentários

Elvira Carvalho disse…
Continuo a acompanhar com muito gosto este desenrolar de histórias. Dado que o Miguel já era nascido quando a Teresa ficou grávida do segundo filho, e a Inês nem era sonhada, pensava que o Miguel já andasse perto dos 4 anos.
Abraço e saúde

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