A SEDUTORA - PARTE IV
Mas não posso ser solidária com o Miguel que perturba o nosso jantar.
Está sempre a choramingar, atira com a colher para o lado, suja a Filipa, o chão.
A minha irmã está quase a perder a paciência e a Mãe troca com ela.
O Miguel fica contrariado, chora ainda mais, mas a Mãe insiste e ele lá começa a comer.
Tenho que falar com a Sofia e com o Gonçalo; temos que lhe dar uma lição, mas não hoje.
O Matias está a contar uma história ao Gonçalo, este está entusiasmado, ri-se com as vozes que o meu irmão faz.
O Edgar tenta fazer o mesmo connosco, mas não tem jeito nenhum e nós fugimos para o corredor.
A porta da rua abre-se, o quê? tenho um comité de boas vindas? pergunta o Pai e tanto eu como a Sofia rimos.
O Pai ajoelha-se, dá-nos um beijo na ponta do nariz e eu resolvo explorar-lhe os bolsos do casaco. Pode ser que tenha escondido qualquer coisa boa como um boneco, um chocolate, mas não.
Só tem as chaves que eu exibo triunfante. Oh, Inês, dá cá isso, pede, mas eu rio e afasto-me a toda a velocidade pelo corredor com a Sofia atrás.
O Edgar segue-nos, nós entramos na sala e escondemo-nos atrás da porta.
O meu irmão finge que não nos vê, espreita atrás dos cortinados, dos sofás, diz ao Pai que é muito estranho, tem quase a certeza de que nos viu entrar para ali.
Não estarão ainda no corredor? sugere, mas o Pai responde que já procurou e tem a certeza de que não estamos.
Nós tentamos não fazer barulho, mas o Gonçalo, atraído pelo burburinho e já desinteressado da história, entra na sala, olha em volta, deve ter visto a ponta do roupão da irmã e dá o grito de alarme.
Ah, suas marotas, grita o Edgar, estão aqui escondidas! Dá cá as chaves, Inês e tenta tirar-mas.
Fujo novamente, embarro contra as pernas do Pai que se volta a ajoelhar e me abre a mão.
Marota, repete o Pai, não se brinca com isto, ok? Não está na hora de dormir?
CONTINUA
Comentários
Abraço e saúde
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Não há frio que gele um coração...
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Beijos. Continuação de Boas Festas, com muita saude.