MIGUEL - PARTE II

 

O Pai diz que sou uma grande ajuda com os meus irmãos, claro que ele e a Mãe querem que me divirta, mas sem álcool e sem figuras tristes como a da noite passada.

" Não estás a ser coerente; dizes aos teus irmãos que não se devem comportar como selvagens, que há regras e têm que ser civilizados e fazes o contrário. Não vamos tolerar isso, estamos entendidos, Miguel?"

Claro que sim, entendi a mensagem, não sei bem se vou resistir se me desafiarem para beber, mas tenho que tentar.

Ainda falamos mais uns minutos, mas o Pai está atrasado para uma reunião e por isso, saio para a rua.

Hesito, vou ou não ter com a malta? mas, dadas as circunstâncias, talvez seja melhor não abusar da sorte e vou para casa.

Em casa, encontro uma cena de pugilato entre o Matias e o Edgar, a D. Margarida está desesperada, não sabe o que fazer mais e a baby sitter está muito pálida, porque a Inês está assustada com os gritos e continua a chorar.

A Mãe está numa reunião com um cliente e a Filipa está a estudar em casa do namorado.

" Ai, Miguel, estes dois..." desabafa a D.Margarida " Tudo porque o Edgar achou que a fatia de bolo do Matias era maior do que a dele."

Separa-os à força, a D. Margarida segura o Edgar e eu prendo o Matias.

" Oh, Joana, talvez seja melhor levar a Inês para o quarto dela; talvez fique mais sossegada e adormeça." sugere a governanta.

A Joana acena que sim e desaparece no corredor.

" Ora, vamos lá saber o que aconteceu!" pergunto aos meus irmãos, despenteados, com a roupa em desalinho e olhares furiosos.

" A culpa foi da D.Guida. Cortou uma fatia maior para o Matias." reclama o Edgar.

" Isso pode acontecer... Queres que a D.Guida utilize uma fita métrica para medir a fatia? Pedias outra!" respondo.

" Mas ele queria que eu trocasse e eu não quis!" diz o Matias " Ele deu-me um empurrão e eu respondi."

" Oh, pá, ignoravas! Já não te disse que, às vezes, essa é melhor maneira de resolver o assunto?" recrimino.

Os dois ficam a olhar para mim muito sérios.

CONTINUA