A IRMÃ DO MEIO - FIM
" Cala-te!" vocifera o Gustavo e tenta expulsar-me do quarto, mas eu não cedo.
" Não vês que estás armado em parvo? Desde que entraste na Universidade, andas com o Rei na barriga." continuo " Já sabes como os Pais são: basta cumprirmos as regras."
" O Pai gere isto como se fosse uma esquadra!" diz o Gustavo " E eu não sou um criminoso!"
" Não sejas idiota! Que ideia, isto não é uma esquadra, é uma casa com regras para beneficio de todos!" defendo " A Mãe tem toda a razão: estás muito arrogante!"
" Mas qual é a tua?" pergunta o Gustavo " O que é que tu sabes disso? És uma fedelha indecente! Andas por aí com esse ar desconsolado, como se fosses uma falhada!"
Voa uma bofetada, o Gustavo prende-me os braços, abre a porta e empurra-me para fora do quarto.
" És um parvalhão!" grito novamente, mas o Gustavo não reage. Está muito sério, a olhar em frente.
Viro-me e vejo a Rita no meio do corredor, a observar a cena.
Com a discussão, nem ouvimos a campainha, nem sequer sabíamos que ela vinha hoje.
" A vossa Mãe tem razão; a arrogância é o prato do dia!" diz a Rita " O que é que se passa convosco?"
" Não se passa nada comigo..." friso " É o Gustavo que se está a armar em parvo e não ouve ninguém."
" Tu também não estás a ouvir, Matilde!" comenta a Rita muito séria.
Fico indignada, tento ripostar, mas a Rita não me deixa falar.
Faz-nos sinal para a seguirmos até à sala, o Gustavo não se atreve a desafiá-la, mas não se senta.
" Esta é uma reunião de família?" questiona a tentar ser engraçado.
Mas os Pais não estão presentes; é apenas a Rita que fala, talvez os Pais pensem que uma outra abordagem resolva o assunto.
Continuo sem compreender porque é que tenho que estar presente, mas a Rita insiste.
Só anos mais tarde é que compreendo o meu verdadeiro papel na família: sou a mediadora, a " ponte " para a resolução dos conflitos.
E até gosto de desempenhar esse papel.
FIM
Comentários
Abraço, saúde e bom domingo
*
Caminhar seguro...
.
Beijo e um Domingo