OUVIDOS DE MERCADOR


Encontras-me.
Apesar dos véus,
em que enrolei a minha vida.
Apesar de esconder o verdadeiro olhar
na sombra de memórias dolorosas.

Encontras-me.
Apesar de te olhar desconfiada
e da pergunta assustada
"O que me queres?"
que não faço,
mas que ouves,
com ouvidos de mercador.



(Foto : Submissão, Nelson Perez)
(Textos protegidos pelo IGAC - Cópias proibidas)

Comentários

RENATA CORDEIRO disse…
"mas que ouves,
com ouvidos de mercador"... Lindo, Marta!
Já publiquei o seu poema, apenas mudei. Publiquei "Dedica-me" e um chorinho meu.
Espero que goste.
Beijos, querida,

PS: Vou correndo publicar no meu Blog, a última!
uminuto disse…
E se mesmo assim te encontrar, que bom que é!
avlisjota disse…
É sempre agradável encontrar algo principalmente se desejamos esse algo...

Beijos

José
pin gente disse…
não sei o te quero,
provavelmente nada!
ainda assim procuro-te na noite.
não estando lá, não me quero saber ausentes dos teus dias.
não sei o que te quero, ou se te quero!
por vezes parece que não te quero nada e que te quero tudo do nada que te deixo.
por vezes não parece nada e a ti tudo te parece este meu nada querer.
pois se nem eu sei o que te quero neste tanto querer de nada te querer.


um beijo, marta e obrigada por teres estado a meu lado
luísa
Graça disse…
"Encontras-me/Apesar dos véus,/em que enrolei a minha vida". Os teus últimos poemas são lindíssimos, Marta.

O anterior comentei, lá no Poesia, e é de uma beleza tão simples. Este de um dizer tão profundo. Gostei muito.

Um beijo, Marta.
Olá Marta, bela poesia...Espectacular....
Beijos
Sofá Amarelo disse…
Há um poema muito bonito que diz: 'procuro e não te encontro, mesmo quando estamos frente a frente, eu olho e não te encontro...'
DE-PROPOSITO disse…
com ouvidos de mercador.
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Tenho as minhas dúvidas sobre este dito popular.
Eu tenho o pressentimento que é 'ouvidos de marcadador', e está relacionado com a escravatura, com os momentos em que os escravos eram marcados pelo carrasco.
Eo carrasco não ouvia os gritos lancinantes dos desgarçados que nada fizeram, a não ser a infelicidade terem nascido. É incrível que a religião não se opunha a estas práticas bárbaras, chegando mesmo a praticá-las através do tribunal da inquisição.
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Felicidades.

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