O VOLUNTARIADO

 

Sinto-me presa, confessa a Clarinha à Rita, estão as duas sozinhas na sala, a Francisca ofereceu-se para ir até ao parque com o bebé.

A Clarinha está nervosa, nota a Rita, o filho olha desconfiado para as pessoas e aplaude a ideia da filha, o ar fresco, as pessoas a passarem, devem distrair o sobrinho-neto.

O Mateus quer voltar ao terreno, acha que é uma mais valia para o CV profissional, conta a Clarinha, já estabeleceu contactos com os Médicos Sem Fronteiras e eu... também quero ir!

E o teu filho? pergunta a Rita, não o podes levar, é muito pequeno! e a sobrinha abana a cabeça, claro que não o posso levar! Sei isso muito bem, mas sinto que estou aqui sem fazer nada, gosto de andar em movimento...

Oh, Clarinha, mas quando engravidaste, sabias que isto ia acontecer, o teu filho é a tua prioridade, exclama a Rita, e podes fazer muita coisa para ajudar os outros!

Mas é isto que eu gosto de fazer, ir para fora, ajudar as vitimas de violência da guerra, fome, protesta a Clarinha e a tia suspira.

Queres ir para fora, deixas o teu filho com os avós, é isso que queres fazer? repete a Rita, achas justo para os teus pais, para os teus sogros? E o que diz o Mateus?

A Clarinha encolhe os ombros, não concorda, acha que é uma péssima ideia, explica, aliás, tivemos uma discussão tremenda, ele apresentou-se mais cedo no Hospital e eu telefonei-te! Não tenho coragem de falar com a Mãe... ainda, acrescenta.

Pois, a tua Mãe ia dizer-te a mesma coisa, talvez um pouco mais forte, admite a Rita, mas tu não és minha filha, por isso, vou tentar explicar-lhe calmamente os prós e os contra.

É exactamente isso que faz na meia hora seguinte, mas a Clarinha é teimosa, murmura que vai encontrar uma solução, porque o Mateus vai estar ausente dois meses e ela não quer ficar sozinha.

Quando a Francisca regressa com um bebé mais animado e sorridente, encontra a Mãe muito zangada e uma Clarinha furiosa que lhe tira o miúdo dos braços e se vai embora sem olhar para trás.

O que foi? a Francisca está curiosa, a Rita respira fundo, fecha os olhos por uns minutos, a tua prima está doida! Quer ir para fora, numa acção de voluntariado e deixar o filho dois meses em casa dos avós, esclarece.

E a tia Madalena? Já sabe disso, o que é que acha? interrompe a filha.

CONTINUA

Comentários

Elvira Carvalho disse…
A Clarinha sempre foi rebelde e ua alma inquieta. E segundo parece essa característica sobrepõe-se ao amor maternal. Mas ainda assim estou confusa. A Clarinha discutiu com o Matias? Ou com o marido Mateus?
Abraço, saúde e boa semana
Bolas, A Clarinha é de ideias fixas. Vamos a ver se muda de ideias. Estou a gostar!
.
Pode a esperança ser o meu porto seguro...
.
Beijo e uma excelente semana.

Mensagens populares deste blogue

O SEGREDO PARTE II

O SEGREDO PARTE III

O PROBLEMA DO GONÇALO FIM