O ESTÁGIO FIM

 

Não sei a que horas a Maria Rosa chega, já estou a dormir, deve ter sido tarde, resmunga quando a acordo.

Nas semanas seguintes, as diferenças entre nós tornam-se profundos, temos vidas separadas, os estágios e os objectivos são diferente, apenas partilhamos um quarto.

Não é que me divirta, tenho um grupo agradável de amigos com quem exploro aos fins de semana a cidade e os arredores, mas a Maria Rosa raramente me diz onde vai.

Fico surpreendida quando o tio Pedro me telefona, depois das banalidades como estás, estás a gostar? pergunta, E a Maria Rosa? Sabes onde ela está?

Acho que hoje fica até mais tarde, sou vaga, mas fico preocupada, ela não telefona muito, nem dá muitos detalhes sobre o que faz, continua o tio Pedro, é por isso que te estou a telefonar. Mas se ela está bem...diz-lhe para me telefonar, ok? e desliga.

Tento ligar para o telemóvel da minha prima, ela não me atende, se soubesse onde ela está, ia lá ter, penso, o que é que eu faço?

Ouço barulho na escada, talvez seja a Maria Rosa, abro a porta com expectativa.

A minha prima está mal humorada, atira-se vestida para cima da cama e anuncia que quer morrer.

Estás doida??? Morrer por alma de quem? exclamo, não entendes! grita, apaixonei-me por aquele idiota e ele vai voltar para a terra dele e não me quer ver mais!!!!

Que idiota? repito, não estou a entender nada, não sei o que se passa, não me dizes nada, Maria Rosa, não te posso ajudar! comento.

A minha prima suspira, senta-se e conta-me tudo o que aconteceu, como se apaixonou perdidamente pelo Rick, ou Rack, o colega com quem tem desenvolvido os projectos do estágio, mas agora ele vai regressar à Alemanha, que vai reencontrar-se com a namorada e por isso, passamos bons momentos juntos, mas foi só isso! remata a Maria Rosa.

Isso podia acontecer, já sabes, não sei qual é o espanto, e abano a cabeça o que aborrece a minha prima e temos uma discussão tão violenta que evitamos estar juntas nos dias seguintes.

Estamos a chegar ao fim do estágio, a empresa organiza uma pequena festa de despedida e eu convido a família.

É uma noite agradável, a Maria Rosa bebe um pouco demais, no dia seguinte, queixa-se de dores de cabeça e custa-lhe fazer as malas.

No dia da partida, a minha prima arrasta os pés pelo átrio do aeroporto, o que é que se passa contigo? resmungo, anda lá, despacha-te.

A Maria Rosa suspira profundamente, olha-me directamente nos olhos e declara, estou grávida e não sei o que fazer!

Ficamos ali as duas paradas como duas idiotas, sem falar, mas já a antecipar o vulcão que vai explodir quando a Mãe dela descobrir.

FIM




Comentários

Ai cum catano.. Vai haver tempestade. Vi logo que não ia dar bom resultado. (Isto pode muito bem acontecer na realidade, e depois??)
Adorei :)

Beijos. Boa tade
Elvira Carvalho disse…
Vai cair em cima do Pedro, dizendo que ele é que é o culpado etc e tal. Coitado do Pedro. Aquilo é que é carma, amiga Marta. tem sido as mulheres, o filho, agora a filha, parece que saiu à rifa para as diabruras do senhor destino.
Abraço e saúde

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