EU E O BERNARDES - PARTE IV

 

No dia seguinte, acordo de mau humor, ainda bem que não estou de serviço, penso, não me ia concentrar.

A Helena voltou e está a trabalhar no Tribunal de Família? Segundo o que me contou o Leitão, regressou há uns seis meses.

Curioso que não te tenhas cruzado com ela, disse o Leitão, eu sei porque ela era a responsável pelo caso que eu investiguei há umas semanas.

Não respondi, o Leitão percebeu que estava a tocar num ponto sensível e despediu-se, deixando-me aturdido no parque de estacionamento.

Quando conto à minha irmã, estás livre? pergunta, vamos tomar um café?, ela fica sem palavras.

O que vais fazer? questiona, não lhe vais telefonar ou aparecer no Tribunal para falar com ela? Não é uma boa ideia!

Não, não é, respondo, sabes as circunstâncias em que nos divorciamos, nem amigos ficamos! Não a vou convidar para tomar um café e exigir saber porque voltou.

Decerto a relação com o outro cavalheiro terminou e aqui sempre tem a família, os amigos, observa a Gina, mas não deixes que isto te afecte.

O Leitão também disse que circulam alguns rumores sobre ela no Tribunal, explico, não sabe até que ponto são verdadeiros, mas parece que a Helena está envolvida com um detective.

A Gina fica calada, está ao corrente das várias aventuras que a Helena teve enquanto esteve casada comigo, mas só falou quando o meu casamento terminou.

Tu és o detective, tu é que devias estar atento aos sinais, argumentou quando a confrontei com o facto, não te queria magoar!

Não me admira, comenta, afinal, está livre, não tem compromissos com ninguém! Pode fazer o que quiser, Mateus e tu tens que seguir a tua vida.

Suspiro, a Gina tem toda a razão e quando um casal amigo me convida para jantar, eu aceito.

É um jantar agradável, fala-se da nova peça que vai estrear e alguém discute comigo as diferenças entre Mozart e Beethoven.

Acabo a noite de sábado a ouvir a Sinfonia nº 40 de Mozart e no domingo, vou dar um passeio pelo cais e almoço por lá.

Na segunda-feira, já estou mais descontraído e aceito o café que o Bernardes me entrega com um sorriso.

Reparo, então que o meu sargento está um pouco distante e evita olhar directamente para mim.


CONTINUA



Comentários

Elvira Carvalho disse…
Continuo a gostar de acompanhar.
Abraço e saúde
Continuamos muito bem :)
Adoro musicas do Beethoven, :)
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A vida tem sonhos que vão partir ...
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Beijos e uma excelente tarde!

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