O DESAFIO - PARTE III

A Catarina insiste que telefone ao meu Pai, para saber se precisa de alguma coisa, para tomar um café contigo no café da esquina, diz.

Mas eu não consigo... não tenho nada a dizer-lhe e a Catarina argumenta que se não fizer um esforço, então é que nunca nos vamos entender.

" Um esforço como? " comento com o Francisco " Nunca se interessou por nós e quando nos perguntava pelos estudos, parecia uma obrigação."

" A Mãe era o ponto de equilíbrio. Lembras-te como ele queria impor certas regras e ela dizia sempre que a negociação é um ponto de partida? " observa o meu irmão.

" Aos fins de semana, estávamos sempre em sentido; nunca me senti à vontade com ele." confesso.

" Nunca nos fez sentir à vontade." concorda o Francisco " Não sei como lidar com ele."

" A Catarina acha que devo fazer um esforço, mas não sei como!" repito.

Quando chego, a Catarina diz-me que convidou o meu Pai para almoçar no domingo.

" Estás doida? " pergunto " Porque é que não falaste comigo primeiro? "

" Porque já sabia que ias dizer não e eu não vou aceitar isso. Vais convidar o teu irmão e a Maria também, fazes o favor de lhe dizer que não vou aceitar um Não!" repete a minha mulher.

O meu Pai chega poucos minutos antes da uma da tarde.

O cabelo continua curto, a camisa azul e as calças de ganga impecáveis e eu fico espantado.

" Ele é militar; está habituado a seguir regras. O que é que pensavas? Que se ia desleixar? " sussurra a Catarina, aceitando o ramo de rosas e a caixa de chocolates que o meu Pai lhe oferece.

Não posso dizer que o almoço foi um fiasco por completo; a Catarina manteve a conversa e tanto eu como o Francisco estamos admirados.

Nunca vimos o nosso Pai falar tanto!

CONTINUA