A EMPRESA - PARTE VIII
" O que se passa, Augusto?" pergunto aborrecida com a interrupção, mas o Augusto nem me ouve, tão exaltado está.
" Apanhei este idiota a esconder umas garrafas de vinho no carro dele! E não é a primeira vez!" Para para respirar e continua: " Num evento, não sei se há 3, 4 semanas, faltaram umas garrafas de vinho e quando o confrontei sobre o assunto, pois ele era o responsável pelo vinho, teve o desplante de insinuar que teria sido a equipa de limpeza a tirá-las!"
" A equipa de limpeza? " repete a Ana " Mas eles trabalham connosco há anos!"
" Pois, eu não gostei e comecei a vigiá-lo para ter provas. E, hoje, apanhei-o!" e dá um encontrão ao Bernardo, que está muito pálido.
A Carolina também está pálida e quando olha para mim, não gosto do que vejo.
Censura-me e não deixa de ter razão. Mordo o lábio e não respondo quando o Augusto pergunta:
" O que vamos fazer? Chamar a polícia? "
" Não! Não façam isso! Eu devolvo tudo!" interrompe o Bernardo, não sei se assustado ou envergonhado.
O que me preocupa agora não é o que fazemos com o Bernardo, mas com o Jorge, que presenciou a cena toda. O que faço? Peço desculpas? Ofereço-lhe um lugar no quadro da empresa?
Mas o Jorge já sabe o que vai fazer e muito calmo, anuncia:
" Dadas as circunstâncias, acho que me devo retirar. Há assuntos que os senhores têm que resolver e não têm nada a ver comigo. Amanhã, passo cá para retirar os meus objectos pessoais."
" Oh, Jorge, o que estás a dizer? Espera aí; vamos conversar." pede a Ana.
" Não, D Ana. Como compreendo, não posso ficar aqui. Mas obrigada, D Ana, a senhora foi sempre muito amável. A senhora também, D Carolina." e com um aperto de mão ao Augusto, saí.
Com dignidade... A vergonha fica comigo....
(CONTINUA)
Comentários
Um beijo, Marta.
Grata
Aninha