O CASO PARTE VI
O Meireles reúne-se com as Chefias na tarde seguinte, dizem-lhe que o Bento teve uma crise nervosa naquela noite e está internado numa unidade hospital.
A esta altura, explica o Chefe, já o gangue está ao corrente, fizemos circular a informação nos locais que ele frequenta. E, o Meireles, já fez alguns progressos?
O Meireles resume os acontecimentos, fala no jantar no dia seguinte, o Chefe acha que devem actuar nessa altura, o procurador e o sargento discordam.
Só quando eu for levantar as armas, interrompe o Meireles, tenho quase a certeza de que o encontro não vai ser naquele armazém e será mais vantajoso apanhar o máximo de pessoas ligadas à rede.
Também acho, concorda o procurador, o Meireles vai ao jantar, tenta conhecer o máximo de pessoas, descobrir o máximo de detalhes. Quando se confirmar a transacção, estipulamos um plano de ataque.
O Chefe acaba por concordar, tenha cuidado, Meireles, recomenda quando o sargento se despede, telefone-me quando terminar o jantar, a qualquer hora, frisa, estamos a lidar com gente perigosa!
O Meireles sabe que está a lidar com gente perigosa, não é a primeira vez que está envolvido neste tipo de operação, mas há qualquer coisa que está a falhar.
Aconteceu tudo muito rápido, nas outras operações, demorou semanas a conquistar a confiança dos suspeitos e meses até ter os detalhes necessários para desmantelar a rede.
Pensa no Bento, será que a história que contou sobre o parceiro é verdadeira? o Meireles acede à base de dados, pesquisa o nome do agente e do colega.
Há suspeitas de corrupção, havia uma operação em curso que foi comprometida porque alguém avisou os suspeitos e o local estava vazio.
O Zeferino era o agente de ligação entre as brigadas, estava ao corrente de tudo, conhecia um dos suspeitos, estava com algumas dificuldades financeiras, tudo aponta para que tenha sido ele a comprometer a situação.
Veremos o que acontece, murmura o Meireles no dia do jantar, o Zé do Vento já lhe enviou o SMS com a hora, a direcção, " traje formal", acrescenta.
Não vou levar um smoking, diz alto o Meireles, opta por um fato cinzento, camisa azul clara, gravata e decide levar o carro em vez da mota.
Chega poucos minutos antes das oito e meia ao local indicado, o empregado fica-lhe com a chave, dá-lhe um bilhete com um numero e o sargento sobe lentamente as escadas de pedra.
Um palacete, decorado a preceito, um pouco exagerado para o gosto dele, confessa Meireles.
CONTINUA
Comentários
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Surge, a voz do silêncio ...
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Beijo. Boa noite