O FIM DE SEMANA FIM

 

Não me atrevo a confirmar as minhas suspeitas, não me lembro de ver a Matilde tão revoltada, tão agressiva.

Ergo as mãos em sinal de paz, desculpa, não tenho realmente nada a ver com isso, esclareço, e a Matilde fica mais calma.

Acho melhor ir-me embora, a Matilde aceita a minha decisão sem uma palavra e já na rua, telefono à Rosa.

Faço um resumo do caso, a minha amiga diz que sou louca, o que é que esperavas? repete, intrometes-te na vida dela e ela tem que aceitar com um sorriso??? Ah, Maria Clara, o que é que vamos fazer contigo?

Felizmente, nem a Mãe nem o Pai estão em casa, tenho quase a certeza de que a Matilde lhes vai contar o caso.

Mas ao jantar falamos de tudo menos da cena na casa da minha irmã. Relaxo, a Matilde não contou a ninguém.

O meu telemóvel toca entretanto, é o Gustavo, o que é que ele me quer a esta hora? penso ao olhar para relógio, já passa das dez e meia.

Maria Clara, começa, temos que falar e muito a sério. Há assuntos privados que têm que ficar privados, estás a entender?

De que é que estás a falar? finjo que não percebo do que está a falar, mas o meu irmão conhece-me muito bem, não te faças de inocente! És uma rapariga esperta quando queres e não entendo porque é não usas essa esperteza para compreenderes as pessoas.

Ah, a Matilde contou-te, admito, estava apenas curiosa! Porque tenho quase a certeza de que se passou alguma coisa entre ela e o Meireles.

E se passou, passou, está no passado, continua o Gustavo, e vai continuar assim! Vive a tua vida, preocupa-te com os oceanos, com a camada de ozono, seja o que for que te prenda a atenção. Não voltas a perturbar a Matilde com esse assunto, fui claro?

Credo, Gustavo, é preciso falar assim??? protesto, pelos vistos, é, remata o meu irmão e desliga.

Fico parada no meio do quarto, com o telemóvel na mão e pela primeira vez, não sei o que fazer.

Não posso desobedecer ao Gustavo, ele acabaria por falar com os Pais e teria sérios problemas.

Mas agora tenho a certeza de que a Matilde e o Meireles tiveram um caso e eu vou descobrir.

Não hoje, um dia... 

Mal sabia eu as voltas que a vida dá e como há realmente coisas que devem ficar no baú dos segredos.

FIM



Comentários

Elvira Carvalho disse…
Pois. A Clarinha cresceu, mas no fundo continua a mesma garota rebelde que fugia e deixava todo o mundo em aflição.
Abraço e saúde
Mais um conto maravilhoso. Obrigada :))
*
Beijos. Boa noite! :)

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