O CIÚME DE LÚCIA PARTE IV

 

O que queres dizer com isso? estou irritada, às vezes, o Gustavo exaspera-me com pormenores ridículos, ora, Lúcia, não te faças de desentendida! continua, se tivesses uma trela, tenho a certeza de que me prendias!

Mas estás parvo ou quê? exclamo, não posso estar ao pé do meu marido? e o Gustavo suspira, e continuas a fazer-te de desentendida! Pouco ou nada interagiste com os outros, nem toda a gente estava reunida à volta da Bia!

Estás a ser ridículo, repito, mas tens que concordar que parecias um idiota, a babar-te por causa de uma mulher! concluo.

Estás completamente louca! grita o Gustavo, por amor de Deus, só estávamos a conversar! E nem sequer estávamos sozinhos! frisa.

Pois, pareciam todos uns idiotas! comento, uns idiotas! e o Gustavo volta a suspirar, não quero falar mais nisto! Vai lá tomar o duche, eu fico com o miúdo!

Fecho-me na casa de banho, ligo o chuveiro, mas resolvo ligar à minha Mãe, conto-lhe uma versão resumida dos factos, mas ela não é nada solidária.

Ás vezes, és mesmo uma idiota! exclama, ele estava apenas no mesmo grupo, não estavam separados, isolados num canto! Não admira que ele esteja aborrecida, não fez nada!

Oh, Mãe, telefonei para desabafar, não foi para me dares um sermão, protesto, mas, pelos vistos, precisas que alguém te dê um sermão, continua a minha Mãe.

Não pensas, os outros têm que seguir as tuas regras, comenta a Mãe, e depois ficas desiludida, furiosa, porque não concordam contigo...

Não me atrevo a interromper, estou a ficar nervosa, acho que está a ser muito injusta... não tenho que concordar sempre com as atitudes do Gustavo, posso chamar-lhe a atenção?

A Mãe não me quer ouvir, desliga o telefone e eu apresso-me a tomar o duche.

A dor de cabeça voltou, está mais forte, tenho que tomar uma pastilha, penso.

Quando saio para o corredor, ouço a voz do Gustavo a cantar baixinho para o Luís, tenho mais uns minutos, não tarda nada o Luís vai berrar pelo jantar.

Oh, Lúcia, chama o Gustavo, ele tem fome! e eu saio disparado do quarto, apertando o roupão, até pareces que não sabes aquecer a sopa! refilo.

O Gustavo nem responde, leva o miúdo para a cozinha, instala-o na cadeirinha e fecha-se novamente no escritório.

CONTINUA