O DILEMA DE LUÍSA FIM
A Leonor não diz nada, faz um gesto vago na direcção da nova colega que entra nesse momento na sala.
Há qualquer coisa nela que não me agrada, conto mais tarde à Dra Lúcia, e não, não sei explicar se é o sorriso rápido, se é a frieza no olhar. Vou estar atenta, noto que os meus colegas ficam muito desconfortáveis quando falo nela.
Há pessoas muito tóxicas, concorda a médica, concentre-se nos seus planos, no seu filho.
O Gustavo também me dá o mesmo conselho e descubro verdadeiramente o caracter da nova colega quando tem um grande discussão com a Leonor.
A Leonor fica muito vermelha, a Rosário ri-se triunfante e o meu chefe é incapaz de intervir.
A Leonor levanta-se, murmura qualquer coisa que soa como " não tenho que aguentar isto" e desaparece no gabinete da gerência.
Ficamos todos calados, o chefe encontra finalmente a voz, dá instruções que ninguém segue, pois estamos preocupados com o que poderá acontecer com a Leonor.
A Leonor aparece meia hora mais tarde, tem os olhos vermelhos, esteve a chorar certamente e começa a arrumar a secretária.
Oh, Leonor, o que é que fizeste? pergunto baixinho, mas a Leonor não responde.
Telefona-me mais tarde, conta que se despediu e que ficou com a impressão de que era isso que a gerência queria, não quiseram saber porquê, explica, acho que foi por educação que perguntaram se tinha a certeza, se não queria antes ser transferida para outro departamento.
Fico logo de pé atrás, mas a Dra Lúcia não quer ouvir falar de pensamentos negativos, tem um plano, faça com que resulte, recomenda.
Quando sabe da história, a minha Mãe desvaloriza a situação, não sabes se te vai acontecer o mesmo, limita-te a fazer o teu trabalho, frisa e o Pai concorda, tem calma, presta atenção ao que se passa, mas não te envolvas muito.
Com o Tobias, o curso, as palestras e o estudo, tenho o tempo bem ocupado, mas não se esqueça de que é importante estar com o seu filho, a sua família, os seus amigos, divertir-se, esclarece a médica.
Um dia, a gerência marca uma reunião comigo, não sei porquê, acho que me vão convidar para sair, confesso ao Gustavo, mas ele acha que é prematuro falar nisso.
Mas é exactamente isso que a gerência faz e passado o choque inicial, encolho os ombros, começo a fazer novos planos.
A tia do Gustavo, Rita oferece-me um part-time que aceito, é essencial que continue a estar activa, a Dra Lúcia insiste nesse ponto, não me disse que essa senhora tem muitos conhecimentos? Quem sabe se não lhe poderá arranjar um estágio numa empresa do ramo?
A universidade também me pode arranjar o estágio, digo, mas a Dra Lúcia abana a cabeça, mantenha as opções em aberto, aconselha.
Não sei o que vai acontecer, estou concentrada no momento, encontrarei um novo emprego, estou certa disso, repito.
Apenas a minha Mãe permanece céptica, ninguém me escuta, queixa-se, eu bem previa que uma coisa destas ia acontecer! Mas esta gente nova pensa que sabe tudo!
FIM
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Abraço e saúde