A CONVERSA PARTE V
O Gonçalo e o Bernardo ficam calados, embaraçados pela discussão e a Rita decide intervir, vocês acabam de jantar e discutir o que há a discutir, diz, eu e a Luísa vamos conversar para a cozinha.
Na cozinha, a Luísa desabafa, que tem medo que as coisas corram mal, que a situação da empresa dela é delicada, é possível que haja despedimentos colectivos, acrescenta, o que vamos fazer com uma casa a pagar e um bebé?
Viver, não estão sozinhos no Mundo! observa a Rita, começa tu também a procurar um novo emprego. Quanto ao Gustavo, é hora de arriscar; serás mais feliz se o deixares ir atrás do sonho dele do que viver com um homem frustrado! O vosso casamento ainda acaba em divórcio!
Mas, se não resultar? insiste a Luísa, não sou tão optimista como tu, Rita, tenho medo!
Todos temos medo, continua a Rita, não foi fácil para mim e para o Gonçalo, trabalhamos e muito para conseguir chegar até aqui! Há muita coisa a fazer antes de dar o passo final, sei que é assustador, repete, mas tens que o apoiar!
A Luísa não está totalmente convencida, a Rita suspira, aqueles dois não vão durar muito, confessa ao Gonçalo, ela está apavorada!
Mas o Gustavo está todo entusiasmado, há muito tempo que não o vejo assim tão activo, tão interessado, comenta o Gonçalo, a ideia é muito boa, o Bernardo diz que uma ou duas empresas já o contactaram sobre esse tipo de coaching, formação.
O Major também fica entusiasmado com a ideia, tenho algum dinheiro que te posso emprestar, esclarece.
O Bernardo fica admirado, e a Glória? O que é que a Glória pensa disso? oh, a Glória vai entender, o Major é vago sobre o assunto, não te vou emprestar todas as minhas poupanças, terás que pedir o resto ao banco.
Eu e o Gustavo ainda estamos a fazer os estudos preliminares, explica o Bernardo, há ainda muitos detalhes a debater!
Os Pais do Gustavo também têm as suas reservas, mas se ele não está feliz... e a Madalena suspira.
A Aída fica apreensiva, tens a certeza que é isso que queres, filho? e quando o Bernardo afirma uma vez mais que é o que quer fazer, a Aída não diz mais nada.
Como o Bernardo diz, há muita coisa a esclarecer e passam os meses seguintes a tratar de assuntos burocráticos, como pedir a demissão das empresas respectivas, negociar com os bancos, encontrar o escritório, etc.
Naquela tarde, assinam a escritura do escritório, planeiam abrir dentro de dois meses e o Gustavo chega a casa, cansado, mas extremamente feliz.
Encontra a Luísa sentada na sala, muito séria. O Tobias já deve estar a dormir, pensa o Gustavo, olá, sê um anjo e arranja-me uma bebida.
Mas a Luísa permanece sentada e declara, quero o divórcio!
CONTINUA
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