PEDRO E OS AMIGOS - PARTE III

 

Não digo nada disto à Margarida, apenas sorrio, sou vago, claro, depois combinamos, respondo.

Terminamos de jantar, as mulheres reúnem-se na cozinha, nós homens instalamo-nos na piscina com um digestivo.

O Telmo continua a falar de carros, o Rogério troça amigavelmente e eu não sei bem o que fazer.

Estou a ficar cansado, levanto-me quando as mulheres regressam.

O quê? Já vais? repete o Rogério, a noite é ainda uma criança, mas a Marta interrompe, o Pedro tem toda a razão e temos um dia cheio amanhã.

Suspiro de alívio quando chego ao quarto, não sei se isto foi uma boa ideia e espero sinceramente que a conversa não se resuma a carros.

O dia amanhece claro e com Sol, o Rogério grita às oito da manhã do andar de baixo, vamos lá, pessoal, toca a levantar, temos que estar no cais às nove.

Levanto-me relutante, tomo um duche rápido e desço.

O Telmo ainda não apareceu, a Marta parece estar ainda ensonada, mas a Clotilde e a Margarida estão bem dispostas e não param de conversar.

O Rogério dá-me uma palmada nas costas tão forte que me desequilibro e tenho que me agarrar à bancada para não cair.

Bolas, Rogério, protesto, cuidado! e o meu amigo ri-se, vá lá, anima-te, está um dia bonito e temos um dia maravilhoso pela frente, diz.

Primeiro o passeio de barco, explica a Marta, já mais desperta, e depois, vamos almoçar num restaurante que é famoso pelo peixe e o marisco. Temos tudo planeado, repete.

O Telmo desce então, aceita apenas uma chávena de café, apesar da Clotilde insistir que ele coma mais alguma coisa, vamos almoçar tarde, observa, mas o marido ignora.

Chegamos ao cais uns minutos antes das nove e embarcamos. A Margarida parece nervosa, é o Rogério quem vai estar ao leme.

Ele sabe conduzir um barco? sussurra preocupada e eu tenho que sorrir, agora é tudo eletrónico, não vai haver problemas, asseguro.

Vejo pela expressão do rosto que ela continua a ter dúvidas, mas entretanto, a Marta chama-a, vamos ficar aqui no deck superior a apanhar Sol e a Margarida sobe resignada as escadas.

Eu e o Telmo ficamos no deck inferior, o Rogério manobra o barco para sair do cais.

Então, pá, continuas em teletrabalho? pergunta o Telmo, trabalho em regime misto, confirmo, assim dou assistência ao meu filho.

Ah, pois, o Rogério disse-me que ficaste com a custódia total do miúdo por causa da maluca da tua mulher, comenta o meu amigo, tens que te organizar, pá, estás a perder o melhor da vida. Não te invejo, a Clotilde está a falar novamente em termos filhos, mas eu não estou para isso. São uma prisão!

Fico muito sério, o Miguel não é uma prisão! protesto calmamente.

CONTINUA


Comentários

Mais um belo episódio! :)
-
Já me cruzei num tempo orvalhado
*
Um excelente(feriado) dia de Portugal
Beijos
Elvira Carvalho disse…
O Pedro sempre amou o filho, portanto a sua resposta não me admira. Não me parece que este grupo de amigos sejam muito o seu jeito de ser. Vamos ver no que vai dar este fim de semana
Abraço e saúde

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