O ENCONTRO - PARTE II
A ver TV, responde a minha irmã muito descontraída, estou aborrecida com a Mãe e por isso, escapei-me para aqui.
Mas estás doida? protesto, pensei que esta fase de estupidez tinha passado e depois, não podes entrar aqui quanto te apetece. Avisaste a Mãe?
A Clarinha suspira, olha para mim com cara de poucos amigos e diz, não, não disse, mas ela deve saber. Tirei-lhe as tuas chaves da carteira.
MARIA CLARA, grito exasperado, mas o que é que se passa contigo? e apresso-me a telefonar à minha Mãe.
Ainda bem que ela está contigo, confessa, já telefonei a todas as amigas dela, ia avisar o Pai para ele contactar os colegas.
Isto não pode voltar a acontecer, comento, temos que voltar a falar com ela como família, acrescento, eu levo-a.
A Clarinha não fica nada satisfeita quando anuncio que a vou levar a casa, grita alto, quem a ouvir, pensa que a alguém a está a maltratar.
Perco a paciência e dou-lhe uma bofetada, o que nunca tinha feito na vida e nos surpreende.
A Clarinha cala-se de imediato, veste o casaco sem protesto e a viagem até casa dos Pais decorre em silêncio.
Mal entra em casa, a Clarinha vai de imediato para o quarto, a Mãe interroga-me com o olhar.
Falamos amanhã, é tarde, estamos todos cansados, aviso, estou cá por volta das seis e meia, ok?
Volto para casa, deito-me e acordo muito tarde.
Ainda bem que é sábado, penso enquanto me preparo para ir ao ginásio.
À saída, vejo o cartão da Luísa na mesa de entrada, telefono ou não? é capaz de ser cedo demais e já deve ter planos.
A verdade é que gostei muito de conversar com ela, não é nada fútil, está bem informada sobre as coisas e eu aprecio isso numa mulher.
Mas primeiro tenho que resolver esta questão da Clarinha, continua a ser muito difícil lidar com ela e nem ao Pai, que adora, ela obedece.
Não falamos muito sobre isso, mas temos medo que um dia ela fuja de casa e não volte.
CONTINUA
Comentários
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Olhar intrínseco ...
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Uma excelente semana...
Beijo