O ENCONTRO
Conheci a Luísa numa festa da empresa.
O objectivo é facilitar a comunicação entre os Departamentos, mas cada Departamento acaba por formar o seu próprio grupo e a acção passa-se aí.
Olhei para o relógio, será que já posso sair? É uma hora decente? murmuro e aproximo-me do bar.
Não, obrigada, não quero mais champanhe, uma água mineral, se não se importa, peço ao barman.
Ah, não nos sentimos bem? diz uma voz trocista atrás de mim, viro-me e deparo-me com uns olhos verdes brilhantes que me fitam atentamente.
O cabelo é preto e comprido, a pele da cara é muito branca, o corpo é esguio, parece ser muito frágil.
Então? insiste a Luísa com um sorriso intenso e eu sorrio também.
Acho que já bebi demais, explico, ainda tenho que conduzir até casa, não quero ter surpresas!
Compreendo, é o mal destas festas, as pessoas abusam e depois ficam surpreendidas quando os acidentes acontecem, estende-me a mão, Luísa Galvão.
Gustavo Bernardes, trabalho no Departamento de Design, respondo, vamos até à varanda apanhar um pouco de ar?
A Luísa volta a sorrir e abro a porta para o terraço. Silêncio finalmente, respiro profundamente, também não gosta muito deste tipo de festas? pergunto.
As pessoas ficam quase sempre nos mesmos grupos, muitas vezes, há uma rivalidade entre colegas, directores e isso fica bem presente neste tipo de situações, comenta a Luísa, sou advogada, trabalho nos Recursos Humanos e às vezes... melhor nem falar nisso!
Eu sei... há situações inexplicáveis e basta um minuto para que a vida da pessoa mude, concordo.
Continuamos a conversar, a Luísa é uma mulher inteligente, com opiniões fortes e é com esforço que me despeço dela no parque de estacionamento.
Ela dá-me um cartão com o nº de telemóvel profissional e particular e eu fico como um adolescente parvo no meio do parque de estacionamento com o cartão na mão.
Quando chego a casa, a Clarinha está sentada no sofá, a ver televisão e com um grande taça de pipocas no colo.
O que é que estás aqui a fazer?
CONTINUA
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