O DIÁRIO DE MEIRELES - PARTE V

 

A conversa demora cerca de dez minutos, o Inspector quer saber detalhes sobre uma operação que não é da nossa brigada, " mas implementaste o sistema de arquivo, deves saber como o contornar. Pagamos bem! Tens dois dias! e desliga.

Fico a olhar para o écran com ar de idiota como descreve a Cláudia quando entra na sala, admirada por não ter tomado ainda duche, é para isso que temos duas casas de banho, sabes, diz.

Não sei o que pensar, não sei o que fazer e a questão mais importante é, porquê eu?

Sou vulnerável, fraco? Não estou com a corda na garganta, trabalhamos os dois, os meus Pais têm dinheiro.

A razão principal é realmente a que o Inspector Tavares apontou: implementei o sistema de arquivo, posso aceder facilmente e não deixar rasto.

Mas valerá a pena? Posso ir para a prisão ou ter que fugir para um País estrangeiro, é isso que quero?

Claro que não, decido enquanto dou voltas e mais voltas na cama e a Cláudia acorda, pergunta, o que é que se passa contigo?

Este domingo, almoçamos em casa dos meus Pais, os meus irmãos, as mulheres e os filhos estão presentes, é um almoço divertido, barulhento, mas eu não consigo participar.

O que é que se passa contigo? perguntam os homens da família quando nos sentamos no jardim, problemas no trabalho, estou realmente preocupado, tenho que tomar uma decisão e não consigo, confesso.

Acho que já a tomaste, observa o Pai, ou não estarias tão nervoso! e os meus irmãos concordam.

O que tenho que fazer é telefonar ao Inspector Bernardes, expor-lhe a situação e decidirmos o próximo passo.

Se o Inspector Bernardes fica admirado por receber uma chamada do subordinado num domingo à tarde, não diz nada.

Há um café aqui perto da minha casa, podemos encontrar-nos lá, comenta quando lhe digo que o assunto é " delicado e não devemos falar na brigada", ou melhor ainda, venha cá a casa, estamos mais à vontade.

A Cláudia não fica nada satisfeita quando a deixo em casa, ter uma reunião com o Chefe ao domingo à tarde francamente!, protesta.

Eu estou nervoso, tão nervoso como um miúdo que começa a escola, mas o Inspector não é nenhum papão.

Impõe apenas respeito!

CONTINUA

Comentários

Elvira Carvalho disse…
Bom parece que o Meireles vai por bom caminho.
Abraço e saúde
Mais uma belo episódio!:)

~
Queria ser um jardim para o teu olhar...
~
Beijo e uma excelente tarde!

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