OS SOBRINHOS - PARTE V
" Tens que falar com ela! Amanhã, sem falta!" diz o Gustavo.
" Não, tenho que pensar primeiro numa forma de o fazer sem mencionar o nome da Teresa!" protesto " Quero que ela continue a confiar na tia."
" Não estou a dizer para fazer isso! Mas ela também tem que confiar em ti...." observa o Gustavo " E temos que esclarecer os factos da vida, não estou preparado para uma gravidez inesperada!"
" Oh, cala-te!" peço e sinto um arrepio " Acho que não foi isso que a Teresa quis dizer!"
" Olha que não sei! Seja como for, a Filipa já tem dezassete anos, é altura de teres uma conversa com ela sobre o assunto!" insiste o Gustavo " Já que teve tantos problemas com o nascimento do Matias e do Edgar, imagina com uma gravidez inesperada."
Mas a Filipa saí muito cedo no dia seguinte, tem uma prova importante e fecha-se no quarto quando chega ao fim da tarde.
Ouço-a a chorar, peço-lhe, exijo que abra a porta, mas é só quando o Gustavo ameaça arrombar a porta que ela cede.
Os três rapazes estão no corredor à espera que o Pai faça isso mesmo e ficam muito desapontados quando a Filipa abre a porta.
O Gustavo leva os três rapazes para a sala e eu entro no quarto.
" Mas o que aconteceu aqui?" a cama está desfeita, as roupas estão espalhadas pelo chão, os livros pousados de qualquer maneira " Oh, Filipa, já falamos sobre isso; este quarto tem que estar sempre limpo!" e abro as cortinas e a janela para deixar entrar o ar.
A Filipa está sentada na posição de Buda em cima da cama, com a cabeça baixa.
Parece-me que esteve a chorar e procuro um sítio para me sentar.
" Filipa, o que se passa? Sei que se passa qualquer coisa, vá lá, tens que falar comigo!" e inclino-me para lhe afastar o cabelo.
A minha filha recua, a manga da sweatshirt sobe e vejo nódoas negras.
CONTINUA
Comentários
Abraço e saúde.
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Um dia feliz
Cuide-se
Beijos. Boa tarde!