A FESTA

Fico surpreendido e o Nicolau também quando o António nos convida para a festa de aniversário.

" A loja da minha companheira faz um ano e ela vai dar uma pequena festa. Insiste na vossa presença!" diz, meio envergonhado.

Ah, penso, agora compreende-se porque está tão relaxado, mais alegre e o Nicolau sussurra:

" Janto com ele quase todas as quartas-feiras e não me disse nada! Mas ainda bem que está feliz!"

Compreendemos o porquê: a Teresa respira alegria e isso contagia qualquer pessoa.

Cumprimenta-nos efusivamente, oferece-nos um copo de vinho e trocamos banalidades por alguns minutos.

Entretanto, chegam mais pessoas, ela desculpa-se e afasta-se. 

O António, sempre tão formal e sisudo, segue-a com um sorriso nos lábios.

Eu sorri, o Nicolau também e ficamos ali a beberricar o vinho.

A loja está cheia de luz, tem uma decoração interessante e eu resolvo explorar.

O Nicolau encontra entretanto uma pessoa conhecida, uma ex-aluna pelo que percebo e deixo-o a trocar impressões sobre assuntos e pessoas que lhe são queridos.

Reparo que há um pequeno buffet e aproximo-me para ver melhor. 

Parece delicioso e estou indeciso sobre o que devo provar primeiro.

" É tudo feito com produtos biológicos!" diz uma voz por trás de mim.

Viro-me e fica a olhar para uma mulher, que não deve ter mais que trinta e cinco, quarenta anos.

Ela sorri-me, o sorriso espalha-se também aos olhos e eu gosto disso. 

Tem cabelo ruivo (a minha paixão) apanhado, o vestido midi estampado é muito simples e os brincos são engraçados.

" Glória!" apresenta-se.

" Amadeu!" respondo e apertamos as mãos solenemente.

CONTINUA