A FESTA - PARTE IV
O restaurante tem pouca luz e muito dourado na minha opinião.
Mas a Glória e a Natália gostam e segue-se uma breve discussão sobre o Menu.
Confesso a minha ignorância sobre a comida francesa e concordo com a escolha dos outros três.
Escondo a minha vontade de estar naquele momento com o grupo da Rita a comer uma pizza, mas, como diz a minha nora, tenho que manter a mente aberta.
A conversa é fluída, interessante e quando o Nicolau fala no meu hobby, como nos ajudaram no Clube de Leitura a perceber a estratégia das batalhas, a Natália fica curiosa.
" Estamos a estudar a literatura da Guerra Civil Americana e uns Mapas iam ajudar..." diz.
" Tem que compreender que fui eu quem os desenhou e explicam apenas as posições das tropas, a táctica que foi utilizada. Não é nada oficial!" protesto, mas o Nicolau e a Glória fazem coro com a Natália e acabo por ceder ao convite para participar numa das aulas.
Entretanto, a comida chega à mesa, há muitos oh's e ah's e tenho que concordar que está deliciosa.
É então que reparo na senhora que estava sozinha, com ar de perdida na loja.
Está sentada numa mesa relativamente perto da nossa e continua sozinha, alheada de tudo e olhar para o telemóvel.
Pergunto baixinho à Glória:
" Aquela senhora estava na loja e saiu sem conversar com ninguém. Conheces?" e a Glória olha-a curiosa.
" Hum, é cliente da loja, já a vi lá, mas não sei o nome. Matilde ou Mariana, qualquer coisa desse género. Porque é que estás tão preocupado com ela? " questiona.
" Não sei... Acho triste ver alguém assim tão sozinho num sábado à noite." respondo.
" A escolha pode ser dela!" comenta a Glória " Há pessoas que gostam de estar sós, que têm ideias, perspectivas diferentes sobre a vida, sobre a sociedade, sobre a amizade."
Não posso discordar... Sempre vivi de acordo com as regras militares e ainda me sinto pouco à vontade com a sociedade civil.
CONTINUA
Comentários
Abraço e uma boa semana
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O que diz o meu olhar ...
Beijo e uma excelente semana!
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Feliz inicio de semana
Proteja-se