A HISTÓRIA DO MAJOR
Gosto de mulheres esbeltas e ruivas.
Foi uma surpresa quando decidi casar com a Ana, que não era esbelta mas sim roliça e tinha cabelo preto.
Mas tinha uma alegria de viver contagiante que me atraiu deveras.
Seguiu-me sem um queixume para onde fui destacado, fazia amizades facilmente e estava sempre ocupada.
Contudo, tudo mudou com o nascimento dos gémeos, o Francisco e o Frederico e a Ana começou a dizer que era melhor mudarmos para uma cidade grande.
Seria mais fácil encontrar boas creches, escolas, etc e nem de propósito, fui destacado para um vila a uns cem quilómetros da capital do distrito.
Tornou-se incomodo viajar todos os dias e por isso, optei por alugar lá um apartamento.
A Ana e os miúdos instalaram-se na cidade e em breve, tinham uma rotina da qual eu não fazia parte.
Viam-me ao fim de semana, a Ana tentava ser o ponto de equilíbrio, mas a verdade é que eu e os meus filhos tínhamos um relacionamento hesitante, distante.
Quando me reformei e voltei definitivamente para a capital, mesmo eu e a Ana começamos a ter dificuldades.
Um dia, falamos sobre o divórcio, a Ana dizia que talvez fosse melhor, eu achava que não, que tínhamos que tentar tudo, mas ela sentiu-se mal e levei-a à pressa para o hospital.
Foi uma noite muito longa e a Ana não sobreviveu.
Não entendi muito bem o que o médico disse, foi o Frederico quem organizou tudo e a família compareceu em peso.
Gostavam muito da Ana, todos me diziam para ter calma, mas os meus filhos permaneciam calados.
Depois do funeral, voltaram para a vida que escolheram e eu fiquei sozinho no apartamento cheio de recordações da Ana.
CONTINUA
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