A FUGA FIM
O Miguel está diferente, mais expansivo, mais divertido, a Lena é engenheira agrónoma, está a fazer um doutoramento sobre qualquer coisa que não entendo.
O jantar é divertido, mas estou cansada, peço desculpa, mas tenho que me ir deitar e os dois acompanham-me até ao quarto.
Não sei onde está a Laura, presumo que esteja no quarto, ouço música vinda daí, mas não quero voltar a falar com ela.
Não para já, nos dias seguintes, o Miguel explica-me detalhadamente os novos projectos para a casa e para a quinta, mas os tios vetam a ideia.
Não, Miguel, a ideia até pode ser boa, dizem, mas enquanto a Avó for viva, não vamos adaptar a casa.
Não estou a dizer isso, protesta o Miguel, faziam-se as obras necessárias, a Avó ficava no cantinho dela e no resto, ficavam o escritório, a recepção, a sala de estar e jantar. Nenhum dos hóspedes se cruzava com a Avó!
Não, e o Gonçalo abana a cabeça, pensa noutra coisa! Tens boas ideias, Miguel, vê onde as podes aplicar sem perturbar o ambiente da tua Avó!
Há aqueles dois barracões que não servem para nada perto da loja, atalha a Teresa, porque é que não se renovam? Podem ter uma kitchenette equipada com o essencial para prepararem o pequeno almoço. podemos remodelar a cozinha para oferecer refeições ligeiras, fazemos um contrato com empresas de take-away.
O marido, o cunhado e o sobrinho olham-na espantados, é uma ideia brilhante, concordam, teremos que pedir orçamentos, etc.
Eu encarrego-me disso, exclama o Miguel, não se preocupem, eu mando-vos tudo, não tomo nenhuma decisão sem vos consultar.
Mas vais precisar de ajuda, explica o António, conheço a pessoa ideal para isso... Lembras-te do Gustavo, o filho da Madalena, a sócia da Teresa?
Sei vagamente quem é, responde o Miguel, mas não há necessidade disso! mas a Lena puxa-lhe a mão, murmura-lhe qualquer coisa ao ouvido e o meu neto suspira.
Fica assente que o Gustavo virá no próximo fim de semana, nessa altura, o Miguel já terá alguns orçamentos e haverá nova reunião.
É então que dou conta que a Laura está presente, mas não disse absolutamente nada.
Enche uma chávena com café, deita açúcar e depois desaparece no corredor que leva à loja.
O que é que acontecerá à minha filha quando eu morrer?
FIM
Comentários
Abraço, saúde e uma boa semana
Parabéns, Marta!
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Beijos e uma excelente semana!
Excelente conto que amei ler.
Um grande abraço.
Verena.