OS AMANTES - PARTE III
A Rita não sabe, o Nicolau sempre evitou esse tipo de perguntas, admite, só falou abertamente sobre a profissão e a Glória diz que era um professor brilhante, muito querido dos alunos.
Bem, se foi casado, responde o Gonçalo, foi com alguém que tinha um péssimo gosto, nenhuma mulher de bom senso deixaria o marido andar com aqueles camisas horrorosas.
A Rita ri, não tenho que me preocupar contigo, pois tu és o mestre da elegância e bom gosto e o Gonçalo convida-a para jantar fora com a promessa de uma surpresa mais tarde, no quarto, acrescenta.
Entretanto, a Sofia aceitou o convite do Nicolau para jantar.
Como está bom tempo, decidem jantar no jardim. O jantar é muito simples: sopa, uma quiche e uma salada de frutas.
Como muito pouco ao jantar, desculpa-se o Nicolau, mas a Sofia abana a cabeça, está perfeito, declara.
Não sabia que havia aqui um jardim, gosto. Flui com a casa, explica, sempre viveste aqui?
Não, vivi perto da Universidade nos primeiros anos da carreira, depois, mudamos-nos para cá há cerca de quinze, vinte anos, esclarece o Nicolau, a minha mulher morreu pouco depois.
A Sofia fica em silêncio, não o quer interromper, mas o Nicolau desvia a conversa e pergunta-lhe se não quer dar uma volta pelo jardim.
O jardim está muito bem cuidado, o Nicolau diz que é o marido da governanta que trata dele, ele gosta de ler aqui ao fim da tarde no Verão.
Voltam para casa, sentam-se no escritório/biblioteca, a Sofia aprecia os sofás em couro, as estantes.
" Então, é aqui que as obras nascem'?" pergunta e o Nicolau ri.
" Este é realmente o meu refúgio, embora o Major e o António já tenham estado aqui a tomar uma bebida."
" São muito teus amigos, preocupam-se imenso contigo!" replica a Sofia.
" Os filhos deles tratam-me como se fosse avô deles!" confidencia o Nicolau.
CONTINUA
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Abraço e saúde