O ESTÁGIO - PARTE IV


O Gustavo chega a casa a meio da manhã; é o fim de semana de folga da Mãe, por isso está em casa.

O filho nota que ela está mais magra, mais pálida e fica preocupado com a tristeza que lê no olhar.

Apenas pergunta, onde está a Clarinha? e entra no quarto.

O quarto está todo desarrumado, com livros e roupas espalhados pelo chão; a Clarinha recusa-se a fazer a cama, a tomar banho e a vestir-se.

Que vergonha! diz o Gustavo e apressa-se a abrir a janela.

A Clarinha fica calada e depois tenta abraça-lo, mas o irmão esquiva-se.

Tomara tantos meninos terem uma casa como esta, roupa limpa no armário e uns Pais tão carinhosos, continua e tu estás a comportar-te como uma selvagem.

Não sou nada uma selvagem, grita a Clarinha, mas eles não são os meus Pais!

Que ingrata! responde o Gustavo, claro que são teus Pais! São os únicos Pais que tens...trouxeram-te bebé para casa, cuidaram de ti como se fosses um de nós e és um de nós!

Mas a Clarinha cerra os lábios e não diz mais nada.

O Gustava fala mais uns minutos, começa a perder a paciência e dá-lhe um açoite.

A Clarinha responde com um pontapé, acerta na canela e o Gustavo tem vontade de a abanar fortemente.

Gustavo, já chega, o Inspector Bernardes intervém, Maria Clara, quero este quarto arrumado de imediato, depois faz o favor de tomares um banho e vestires. Vais almoçar com a família, quer queiras ou não, entendido?

A Clarinha continua de lábios cerrados, mas não se atreve a desobedecer. 

Ainda bem que obedeceu, comenta o Gustavo, mas o Pai não concorda, porque a Clarinha tem que obedecer à Mãe também e não a podemos tratar como se fosse um recruta, acrescenta.

A Mãe parece mais calma e a Matilde está muito séria, o que não é normal nela.

Os quatros sentam-se na sala, a discutir alternativas para corrigir o comportamento da Clarinha e ao fim de uma hora, por muito que lhes custe, decidem procurar ajuda especializada.

O Inspector pode perguntar no Departamento, já trabalharam com alguns psicólogos especialistas em traumas infantis, a Madalena pode conversar com as professoras.

O telemóvel do Gustavo toca entretanto, ele estranha ver o nome da colega de estágio, Catarina no écran e atende.


CONTINUA

Comentários

Elvira Carvalho disse…
Tal como eu pensei, o melhor é procurar ajuda especializada. Eu sei o que passei com o meu Pedro, e os anos que andei com ele a caminho de Benfica para o consultório do Doutor José Manuel Jara.
Mau, querem ver que aconteceu alguma coisa ao Bernardo.

Abraço, saúde e boa semana

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