SOPHIA
Esta
é a história de uma gata felpuda...
O
nome é Sophia, com “ph”, por ser francesa e aristocrata. Não é
aventureira e desdenha o jardim, preferindo a suavidade dos tapetes.
Até que um dia, confusa com a multidão que invade a casa, os choros
e os lamentos, foge para a cave e ali fica.
Nunca
lá esteve; é um local escuro e com um cheiro estranho, mas sente-se
segura. Não entende a comoção, não sabe ainda que o dono morreu e
está sozinha. Enrosca-se em cima de uma velha manta e adormece.
Quando
acorda e se aventura até lá cima, estranha o silêncio. Mia,
percorre as salas vazias, à procura de comida e do dono. Mas há
qualquer coisa que mudou, Sophia sente-o e entra em pânico.
Volta
a percorrer a casa, à procura de uma janela, uma porta aberta para
fugir para o jardim, também ele já diferente, cheio de folhas secas
e relva pisada.
O
que se passa? Repete Sophia incessantemente. Onde está o seu amado
dono? E se saiu, porque é que não lhe deixou leite na tigela com o
nome dela gravado?
Sente
uma porta a abrir-se, uma chave a ser pousada na mesa e precipita-se
ao encontro de quem chega. Mas a desilusão é imensa; não é o
dono, é a filha do dono, vestida de preto e com os olhos vermelhos.
Sophia estaca e olha-a, desconsolada. A senhora sorri e baixa-se para
a afagar.
Excerto do conto escrito e publicada no Colectânea "Patas, Pelos e Penas" da Editora Pastelaria Studios
Comentários
Há bastante tempo que sinto vontade de vir conhecer o teu blog (somos "amigas" no Google+...).
Por um motivo ou outro o tempo foi passando... e hoje aqui estou.
Vi o post anterior, de que gostei muito.
Com a leitura do último... uma lagrimita estava a querer formar-se no cantito do olho.
Imaginei-me na pele (ou no pêlo...) da Sophia... e senti enorme tristeza (por ela... ou também por mim?)
Vou incluir o teu endereço nos Favoritos e virei sempre que for possível.
Uma semana feliz.
Beijinhos
Mariazita
Apreciei a mudança de cabeçalho.
Beijos