MELANCÓLICA




Em dias como este,
o tempo fica estagnado, estrangulado,
suspenso, à espreita.
Dele próprio, de mim...não sei.
Não gosto de dias assim, porque
fico melancólica e incapaz de pensar,
de ver o lado cómico da vida,
de rir alto.
Eu que até gosto de rir alto,
de rir até às lágrimas.
Sinto-me mais livre,
mais leve,
irresponsável mesmo.
Mas há memórias,
há vozes do passado
que não esqueço,
em que a meu riso feliz
se volta a fechar.
Tudo desaparece
e eu própria,
me sinto desaparecida.




Texto já colocado no Facebook e Porosidade Etérea
Texto protegido pelo IGAC - Cópias, totais e/ou parciais, proibidas
Foto de Pascal Renoux, "Elisa" (regards)






Comentários

Sofá Amarelo disse…
Rir é muitas vezes o princípio de tudo ou de muita coisa, rir é comum é uma dádiva, nem todos sabem rir, o melhor riso é aquele que é feito com serenidade e naturalidade... mas quando o riso se esvai é porque as lombas do tempo se instalaram por entre as vozes da melancolia... e por vezes basta arredá-las um pouco e o riso volta de novo, mais livre, mais leve...
Anónimo disse…
é muito curioso este último verso porque me revejo nele de uma maneira muito nítida, querida marta. agradeço este espelho bom das tuas palavras. um grande beijinho.
Secreta disse…
Há dias e dias, e amanhã, é um novo dia!
Beijito.
Daniel Costa disse…
Marta

Apreciei muito o poema, a melancolia quarando aparece pode tirar-nos até o poder de imaginação, mesmo sem que fiquemos tristes.
Beijos
Amita disse…
A melancolia é como um vaguear indefinido, um querer e não querer inexplicável em horas amorfas. Sabemos que estamos mas não o sentimos. Volta a rir, a sorrir Martinha, para alimentar a vida.
Poema transparente e sentido de um teu tempo.
Bjinho, abraço e uma flor
uminuto disse…
que se evapore a melancolia, como névoa em manhã de verão
um beijo

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