OS DOIS IRMÃOS PARTE III
O teu irmão precisa de sair mais, sentencia a Clarinha, conhecer mais pessoal, outros bares e restaurantes, talvez aprenda a não ser tão sério, tão controlador!
Vai ser complicado, ele pode ser muito difícil, digo, eu sei, sou irmã dele, exaspera-me com os discursos em que se arma de vítima, não vê que muitas vezes ele coloca as outras pessoas na mesma situação!
Por isso, precisa de " levar" na cabeça, interrompe a Clarinha, precisa de conhecer alguém que se ria dele, o faça sentir ridículo, mas que o convença de que é natural...
Duvido, repito, o Miguel é muito picuinhas, mas a Clarinha ri-se, conheço a pessoa perfeita, é minha colega na ONG, exclama, agora, o problema é: será que o Miguel não se importa de assistir a um Chá para Bebés?
Não, ele ia sentir-se pouco à vontade, comento, mas posso pedir-lhe para me vir buscar, digo-lhe que esqueci o presente em casa e a tua amiga pode não ter boleia para casa...
A Clarinha volta a rir-se, Maria Rosa, és esperta! exclama, agora temos que discutir os pormenores, não pode haver falhas.
O Mateus chega pouco depois, quer saber a razão porque estamos tão bem dispostas, mas a Clarinha confessa que é um segredo de " Estado" e ele não faz parte do Conselho.
O Mateus apenas sorri, acha piada ao comentário, anuncia que vai tomar um duche e descansar um pouco.
Eu faço o jantar, tu fica aí a descansar, recomenda e eu aproveita a dica para me despedir.
A Maria da Luz está a fazer o jantar quando chego a casa, o Pai está a pôr a mesa, o Miguel também vem jantar, anuncia.
Ups, vai ser um jantar desconfortável, penso e faço questão de ser eu a abrir-lhe a porta, a Luz está cá, não amues! aconselho, elogia o jantar, foi ela quem o fez.
O Miguel não responde, cumprimenta a colega um pouco friamente, o Pai tenta desanuviar a tensão, faz-lhe perguntas sobre o trabalho, mas o meu irmão não partilha detalhes.
Dou-lhe um pontapé por baixo da mesa, ele fulmina-me com o olhar e eu faço-lhe uma careta.
O jantar não é um sucesso, fico aliviada quando o meu irmão se despede e recrimino-me por não ter sido mais assertiva.
Ainda tento falar com ele, mas ele manda-me calar e eu decido não prolongar a discussão, és um idiota, grito e desligo de imediato.
A Clarinha telefona-me a meio da semana, a festa é na sexta-feita, está tudo controlado, agora faz a tua parte, pede.
Felizmente, o Pai vai passar o fim de semana fora, posso deixar o presente na mesa do hall, esconder a chave sobresselente no vaso da entrada.
CONTINUA
Comentários
Abraço e saúde
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Um presente que viaja ao passado...
Beijo e uma boa tarde